São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 1998
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O MENSAGEIRO

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

É difícil estar na pele de Kevin Costner, o astro que as bilheterias resolveram ignorar. Mas uma coisa é certa: o sujeito tem coragem. Vindo de um projeto megalomaníaco fracassado, o bom filme de aventuras "Waterworld", ele poderia ter aceito um papel de galã numa produção bacaninha e repetir seu sucesso de "O Guarda-Costas". No entanto, ele resolveu embarcar em novo projeto pessoal, o pouco palatável "O Mensageiro".
Mais uma vez Costner escolheu a ficção científica. De certo modo, é possível dizer que ele desidratou "Waterworld". O futuro numa Terra coberta pelas águas foi substituído pela versão mais árida dos EUA que as telas já exibiram.
O ano é 2013, o planeta já foi chacoalhado por guerras da pesada e o que sobrou não é suficiente para animar ninguém. No meio da miséria, ele interpreta um andarilho que tem suas rusgas com um líder militar que domina esse mundo desolado, Belém (Bill Paxton).
Vagando pelas pradarias, ele acha um uniforme de carteiro e alguma correspondência. Resolve entregar as cartas, querendo tirar algum proveito dos pobres coitados que as recebem. O que ele nunca poderia imaginar é que sua presença incentivasse uma nova esperança nas pessoas.
Contando mentiras sobre uma reconstrução do país, inventando até um novo presidente, o Mensageiro (Postman), como passa a ser chamado, motiva alguns homens que decidem formar um batalhão de "carteiros", para enfrentar os soldados de Belém.
O filme tem ligações com o premiado "Dança com Lobos", faroeste meio paradão que encheu Costner de estatuetas do Oscar, e com o fiasco "Waterworld", que foi dirigido por Kevin Reynolds, mas sempre é tratado como um projeto de Costner, que tomou as rédeas no meio da filmagem.
Costner tem talento para rodar cenas em amplos espaços, conseguindo dar um tom épico à narrativa, e o roteiro é criativo em sua concepção de futuro. Deixa de lado o espírito barbárie de "Mad Max" e suas imitações, mas nem por isso pinta um cenário mais animador. Há melancolia em seus personagens, uma tristeza profunda de quem perdeu o mundo.
Longo (lançado em duas fitas) e nem sempre empolgante, "O Mensageiro" é uma ficção científica feita com cérebro. Não é para todos os públicos, apenas para quem gosta de cinema.

Filme: O Mensageiro
Produção: EUA, 1997
Direção: Kevin Costner
Com: Kevin Costner, Bill Paxton
Lançamento: Warner (011/820-6777)

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