São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 1998
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Drogas afetam inteligência e crescimento dos bebês

MARCELO DIEGO
DE NOVA YORK

A exposição de fetos a drogas tem sido objeto de várias pesquisas nos EUA.
A Brown University School of Medicine (Escola de Medicina da Universidade Brown) conduziu um estudo, em 1996, somente com crianças de 1 ou 2 dias de vida.
O estudo relacionou o uso da droga à irritação ou à indiferença dos bebês a sons, como o de um badalar de sinos.
Os pesquisadores não foram capazes de provar, no entanto, relações causais entre a droga e doenças apresentadas pelos bebês.
O médico Daniel Neuspiel, de Nova York, estudou o comportamento de 250 bebês cujas mães tinham usado cocaína durante a gestação.
A pesquisa durou seis anos, no serviço de pediatria do Beth Israel Medical Center.
A conclusão foi que os bebês eram mais irritadiços, tinham batidas cardíacas mais aceleradas e apresentavam dificuldades para comer e dormir. Esses sintomas foram classificados de "universais". Algumas crianças apresentaram o peso e a circunferência da cabeça abaixo dos níveis normais.
Segundo Neuspiel, o Q.I. (Quociente de Inteligência) de uma criança exposta a drogas é, em média, 3% menor do que o de uma criança normal.
Neuspiel disse que a maioria dos efeitos desapareceu com o tempo.
"Não vi muitos problemas persistentes. Os maiores efeitos acabam relacionados com o próprio crescimento da criança, que tem dificuldade em ganhar peso, por exemplo", disse.
Nascimento prematuro
Evelyn Davis, médica do Harlem Hospital Center, também conduziu uma pesquisa com os "bebês crack". Ela analisou 530 bebês, entre 1987 e 1996.
A maioria nasceu prematuramente. Cerca de um terço apresentou distúrbios no sono, dois terços começaram a falar mais tarde do que o normal e mais da metade não teve a coordenação motora adequadamente desenvolvida para a faixa etária.
Um terço também sofria de hiperatividade. De cada 5 crianças, 2 apresentaram comportamento agressivo. Apenas 12% dos bebês cresceram com as próprias mães.
Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) estão desenvolvendo a maior pesquisa do gênero, com 1.400 crianças, de todo o país, expostas às drogas. Não há previsão da divulgação dos resultados.
Os NIH dizem que, em todo o país, 45 mil parturientes estão usando cocaína, pelo menos uma vez, durante os nove meses de gestação.
Pesquisa do Conselho Nacional de Dependência de Álcool e Drogas mostra que a maioria das mães que usam drogas é branca (51%). Se considerados o cigarro e o álcool, 45% dos novos norte-americanos foram expostos a drogas antes de nascer.
(MaD)

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