São Paulo, sábado, 4 de abril de 1998
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Jorgina repatriou dinheiro após 'lavagem'

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) comprovou que Jorgina Maria de Freitas Fernandes, condenada a 25 anos de prisão por fraude, trouxe de volta para o Brasil parte dos recursos que desviara para o exterior e os investiu em empresas brasileiras, inclusive estatais como a Petrobrás.
O instituto localizou certificados de investimentos feitos por Jorgina a partir de outros países, por intermédio de empresas de fachada que criou, que mostram aplicações em fundos que compraram ações em território brasileiro.
O prazo dos investimentos venceu, e o dinheiro deixou o país sem ser bloqueado.
A documentação foi achada no contêiner com bens da advogada apreendido em 97 no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Os documentos foram examinados pela Receita Federal, Ministério Público Federal e INSS, à procura de mais pistas dos recursos desviados, e é mantido sob sigilo.
A Folha apurou que os fundos em que a fraudadora investiu chegaram a comprar ações da Companhia Vale do Rio Doce e do Bamerindus. Não foi possível confirmar o valor das aplicações da fraudadora no Brasil.
"Pelo material coletado até então, grande parte do dinheiro desviado dos cofres da Previdência Social foi remetida para o exterior e, na maioria dos casos, após sua lavagem em paraísos fiscais, através (sic) da criação de empresas-fantasmas, transferido para países do Primeiro Mundo (...), ou então, retornou ao Brasil mascarado de investimento externo, como pode ser comprovado através dos documentos bancários de Jorgina no exterior", afirmou o procurador Zander Azevedo, em relatório de 18 de março que encaminhou à Procuradoria Geral do INSS. Ele preside um grupo de trabalho que tenta reaver o dinheiro.
Para administrar seus recursos no estrangeiro, Jorgina usou empresas de fachada, em geral com sede nas Ilhas Virgens Britânicas e América Central, identificadas depois que a advogada, em 97, foi condenada pela Justiça de Miami, nos EUA, a devolver US$ 123 milhões ao Brasil.
Foram identificadas como sendo da advogada ou de seus cúmplices as empresas Green Gables, White Shores, Stonehenge Investiment, Lancaster Road, Marinewaters, Libra Trust, Esmeralda Limited, Esmeralda Trust, Victoria Group Corporation, Honey Well Trading, Divinity Limited, Capital Group South e Pythagoras.
Nas contas mantidas por algumas dessas empresas nos EUA, nos bancos Merrill Lynch e ABN Amro, foram localizados US$ 9,7 milhões, já restituídos ao Brasil.
O INSS trabalha agora com a possibilidade de outros fraudadores terem feito o mesmo.

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