São Paulo, sábado, 4 de abril de 1998 |
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Porto recusa o Trabalho e libera Agricultura para PPB LUIZA DAMÉ LUIZA DAMÉ; WILLIAM FRANÇA; RENATA GIRALDI
O ministro Arlindo Porto (Agricultura) recusou ontem o convite para assumir o Ministério do Trabalho. Essa foi a opção oferecida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para que Porto, do PTB, continuasse no governo. A decisão de Porto abriu caminho para que o pepebista Francisco Turra, ex-presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), assuma a Agricultura. O nome de Turra foi sugerido pelo presidente ao ex-prefeito Paulo Maluf (SP), presidente nacional do PPB. O Palácio do Planalto só deverá confirmar os novos ministros da Agricultura e do Trabalho na próxima segunda-feira. Embora tenha o trabalhismo no nome, o PTB não quis a vaga porque teme efeitos negativos do desemprego num ano eleitoral. Outro temor que justificou a recusa ao convite foi a proximidade do 1º de maio, época de reajuste do salário mínimo. Porto recusou o Trabalho e pediu demissão da Agricultura em reunião ontem à noite com FHC e o ministro Paulo Paiva (Planejamento). Antes de seguir para o Palácio do Planalto, ele conversou com o presidente do PTB, senador José Eduardo Andrade Vieira (PR), e com o líder do partido na Câmara, Paulo Heslander (MG). Ao sair do Alvorada, Porto disse que voltará ao Senado e não disputará as eleições de outubro. No início da semana, petebistas afirmaram que ele poderia disputar o governo de Minas Gerais. O ministro disse que não se sentiu "fritado", embora o anúncio da sua saída da Agricultura tenha sido feito durante sua viagem à Austrália. O ministro voltaria ao país no próximo dia 10, mas antecipou a viagem para definir sua situação no governo. A primeira sondagem a Porto foi feita por Paiva quarta-feira da semana passada. Paiva perguntou se Porto aceitaria o Ministério do Trabalho. Ele respondeu que não. No dia seguinte foi a vez de FHC falar com o ministro, sem sucesso. Ao deixar a reunião com os petebistas, Porto já havia sinalizado que não aceitaria o Ministério do Trabalho. Ele afirmou que o presidente precisaria usar argumentos "fortes" para convencê-lo. Na conversa, Porto disse que usaria com FHC a mesma tática que adotava em reuniões com representantes da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura): quando o discurso ficava repetitivo, o ministro não prestava atenção. A bancada do PTB no Congresso, com 23 deputados e 3 senadores, tem reunião marcada para a próxima terça-feira, quando decidirá se romperá ou não com o governo. "Não vejo motivos para rompimento", disse Porto. Texto Anterior: A Folha de ontem na opinião do leitor Próximo Texto: A Folha de ontem na opinião do leitor Índice |
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