São Paulo, sábado, 4 de abril de 1998
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Diálogo é difícil entre Petrobrás e ANP

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A proximidade física entre a sede da Petrobrás e a da ANP (Agência Nacional de Petróleo) não serviu para esquentar as relações entre o diretor-geral da agência, David Zilbersztajn, e o presidente da Petrobrás, Joel Rennó.
Passado um mês da instalação da ANP no Rio, eles não se visitaram nem tomaram iniciativa concreta nesse sentido.
A frieza no relacionamento entre o dirigente máximo da agência oficial que regula o setor do petróleo e a empresa que representa o Estado no setor, mantendo ainda seu virtual monopólio, preocupa setores da Petrobrás. Eles começam a fazer gestões para promover uma aproximação.
A idéia, ainda embrionária, é agendar uma visita de Rennó a Zilbersztajn, já que a ANP tem ascendência sobre a Petrobrás.
Os gabinetes de Rennó e de Zilbersztajn estão a menos de 50 metros de distância, no centro do Rio.
Vizinhos
A sede provisória da ANP fica no 12º andar da sede regional do Banco do Brasil.
O prédio fica de fundos para o da Petrobrás, no qual Rennó despacha no 24º andar.
O relacionamento entre os dois funcionários do Executivo tem sido difícil desde que a ANP foi instalada, em dezembro do ano passado. Zilbersztajn chegou dizendo que a Petrobrás teria que se enquadrar nas novas regras do mercado, agora aberto.
Disse ainda que a estatal, que pleiteia quase 400 áreas para explorar e produzir petróleo no Brasil, só tinha asseguradas para si aquelas nas quais ela já tem produção em andamento.
A afirmação seria uma mera ratificação do que está dito na nova lei do petróleo (lei 9.478) se não houvesse um histórico de atritos entre Rennó e Zilberstajn.
Os dois vinham de discordâncias sobre o gasoduto Bolívia-Brasil na época em que o diretor da ANP era secretário de Energia do Estado de São Paulo.
Zilbersztajn chegou a explicitar que não era amigo de Rennó, embora negasse ser inimigo.
Os pleitos da Petrobrás sobre áreas de exploração estão nas mãos da ANP, que deve se pronunciar até agosto sobre eles, levando em conta a capacidade financeira individual da estatal, sem contar possíveis parceiros.
Além de diretor-geral da ANP, Zilbersztajn é genro do presidente Fernando Henrique Cardoso. Aliados de Rennó acham que, pelos dois motivos, convém derreter a camada invisível de gelo que separa os dois gabinetes.
Diretoria
Pela lei, a diretoria da estatal, que tem maioria no Conselho de Administração da empresa, só poderá ficar com um terço dos cargos, não havendo nenhum impedimento para a separação total entre o conselho e a diretoria.
A conclusão desse dirigente é que a perda da cadeira no Conselho de Administração não parece significar a perda imediata do lugar na diretoria.

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