São Paulo, sábado, 4 de abril de 1998 |
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Cantata terá duas récitas
JOÃO BATISTA NATALI
Dirigida pelo maestro Jamil Maluf, a cantata profana é de autoria do compositor alemão Carl Orff (1895-1982). Jamil e sua orquestra já haviam montado "Carmina Burana" em 1996, no Memorial da América Latina. Um dos diferenciais dessa primeira montagem estará presente. Trata-se da projeção de uma série de 500 desenhos do artista plástico Fernando Anhê. Os solos vocais estarão por conta da soprano Martha Herr, do barítono Sebastião Teixeira e do contra-tenor Helder Savir. Completando o conjunto de vozes, cantará o coral infantil do colégio Santo Estevam. "Carmina Burana" é baseada em poemas profanos do século 12, encontrados há quase dois séculos na abadia Benediktbeuren, na Baviera. Esses poemas foram objeto na época de composições musicais que paradoxalmente são hoje menos conhecidas que a obra de Orff. "Orff foi um compositor que criou uma linguagem. Para a década de 30, é uma música muito ousada e muito bem escrita", diz Jamil Maluf. Em sua versão original, "Carmina Burana" é um desmentido à idéia de que a música medieval ou era religiosa ou então evitava a irreverência profana. Prevalece, ao contrário, a apologia às traquinices, a naturalização da embriaguez, o elogio à gula, ao amor e aos pecados dos sentidos. Com Orff, há a expressão de uma obsessão recorrente na Alemanha dos anos 30 sobre a qualidade artística de seu passado. A tese dos medievalistas oficiais consistia em tentar demonstrar que o mundo germânico não deveria se inferiorizar se comparado ao italiano, ao otomano ou ao ibérico. Mas Orff não foi membro do Partido Nacional-Socialista, nem teve sua imagem associada, no pós-Guerra, à estética do 3º Reich. Uma das provas de que ele corre em faixa própria está na programação de uma "Carmina Burana" este ano, na série Hebraica/BankBoston. A Hebraica é o clube paulistano da comunidade israelita. Concerto: Carmina Burana Orquestra: Experimental de Repertório, dir. Jamil Maluf Onde: Teatro Municipal de São Paulo, pca. Ramos de Azevedo s/n Quando: hoje às 21h e amanhã, domingo, às 17h Ingressos: R$ 5 a R$ 20 Texto Anterior: Pavarotti junta seus cifrões aos do "Rei" Próximo Texto: 5º PercPan começa com celebração à paz Índice |
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