São Paulo, sábado, 4 de abril de 1998
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Show acústico foi óbvio

MARCELO NEGROMONTE
DO ENVIADO AO RIO

Apesar de acústico, o pocket show que os Paralamas apresentaram anteontem no Rock'n'Rio Cafe, um museu de decoração saudosista e templo dos maurícios cariocas, não foi intimista, como o formato sugere e com David Byrne como "espectador-surpresa".
A banda foi apresentada por Zeca Camargo como uma que faz "música genial". O unplugged foi correto, com poucos momentos de entusiasmo do platéia.
Ganhadores de um concurso promovido por uma rádio carioca se misturavam a atores globais e músicos, como Paulo Ricardo, e amigos/convidados destes. Enfim, o público da banda.
Cinco músicos mais o trio Paralamas mais o eterno convidado Dado Villa-Lobos (todos estranhamente com camisas verde) se espremiam num palco com cadeiras de feira de antiguidade com abajures de mesma origem.
Foi um acústico percussivo, com abuso de ritmos caribenhos e latinos em quase todas as músicas, durante cerca de uma hora de show, em que inexistiam cellos, violinos, contrabaixo e quetais. Eram violões, bateria, metaleira e percussão. E a voz, pedindo para ir embora, de Herbert Vianna.
A constante presença de Dado em shows é certeza de alguma música para mortos. Não tarda e "Manguetown" é executada.
Mas, se ele estava lá, o Legião, da mesma gravadora dos Paralamas, também estaria. "Sexo Verbal", que excetuando a presença da bateria e do pandeiro, foi, como a original, chocha, para acampamentos. Mas a mais aplaudida. Parabéns, show de lançamento de disco tem que ter apelo emocional.
"Pólvora" ganhou roupagem mariacchi e flamenca, com bom desempenho de Herbert Vianna no violão de 12 cordas.
A última música, "Life During the War Time", dos Talking Heads, em homenagem a um "convidado presente" (até então incógnito), ganha uma roupagem rockabilly furiosa, deixando todos desnorteados.
"Eles estavam ótimos", disse David Byrne à Folha , retribuindo a gentileza programada e tentando contornar o súbito assédio.
É assim que se lança um disco: show com convidados famosos, num lugar "descolado", sob formato pouco usual (para a banda em questão), mas óbvio, ampla cobertura da mídia (ao vivo até) e ainda com direito a uma amostra de como será o álbum acústico. Será que não aprendem?
(MN)

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