São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Enterro do deputado vai ser hoje às 17h em Salvador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo na Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), 43, morreu ontem, por volta das 19h, cerca de seis horas depois de sofrer um infarto do miocárdio.
É a segunda baixa que o governo Fernando Henrique Cardoso sofre nos últimos dias. No último domingo, morreu em São Paulo o ministro Sérgio Motta (Comunicações).
Luís Eduardo e Motta eram considerados os principais articuladores políticos do governo FHC. A morte dos dois vai atrasar as votações no Congresso, principalmente a da reforma da Previdência.
O enterro do deputado, filho do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), está marcado para as 17h de hoje, em Salvador. O corpo deve ser levado para a capital baiana às 10h30, depois de ser velado durante a madrugada no Salão Negro do Congresso.
Luís Eduardo foi internado no início da tarde de ontem no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, depois de passar mal. Inicialmente, ele foi examinado por médicos do Serviço Médico da Câmara, que recomendaram a internação.
A morte surpreendeu os amigos e familiares que, no hospital, esperavam por informações. Luís Eduardo estava consciente e dizia se sentir bem até o momento em que teve uma parada cardíaca, por volta das 19h.
Às 17h15, ACM conversou com a imprensa e disse não acreditar que seu filho havia sofrido um infarto. Somente às 19h o senador foi informado pelos médicos da gravidade do estado de saúde de Luís Eduardo.
Segundo o deputado Heráclito Fortes (PFL-PI), amigo de Luís Eduardo, a parada cardíaca ocorreu quando ele estava conversando com o cardiologista Bernardino Tranchesi Jr., médico da família.
"Ele estava conversando com o doutor Tranchesi quando sentiu-se mal. Disse que estava sentindo tontura, virou a cabeça para o lado e desmaiou", afirmou Heráclito Fortes.
Os médicos tentaram reverter o quadro, mas a gravidade do infarto impediu a recuperação. Os procedimentos de emergência incluíram a injeção de drogas, utilização de marcapasso e manobras de ressuscitação cardiorrespiratória.
A parada cardíaca ocorreu por volta das 19h. As 19h30, Tranchesi saiu chorando da UTI e comunicou a ACM a morte do deputado. A nota oficial dos médicos, porém, informou que o óbito ocorreu às 20h.
Pouco antes da parada cardíaca, Luís Eduardo havia sido submetido a uma cineangiocoronariografia (exame que permite a visualização das artérias do coração).
Os médicos constataram "lesões críticas e difusas" em todas as artérias, segundo a nota oficial.
A gravidade do quadro impediu a realização de uma angioplastia -microcirurgia para a desobstrução das artérias.
Segundo o porta-voz da presidência do Senado, Fernando César Mesquita, havia tantas lesões no coração que seria necessário implantar seis pontes de safena para permitir a circulação do sangue.
Foi o próprio Mesquita quem anunciou a morte para a imprensa. Pouco depois das 20h, ele se aproximou do local onde estavam os jornalistas e fez um sinal de negativo, com o polegar para baixo.
Luís Eduardo era candidato ao governo da Bahia nas eleições de outubro próximo. Além disso, era apontado dentro do PFL como o principal pretendente do partido à Presidência da República na eleição de 2002.
"Luís Eduardo era um projeto do PFL. Quando se falava no futuro do PFL, se falava em Luís Eduardo Magalhães. Ele era o prosseguimento do projeto pessoal de Antonio Carlos Magalhães, que tinha verdadeira paixão por ele", disse o líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES).
Médico
O médico Bernardino Tranchesi Jr. passou a tratar de Luís Eduardo por volta das 18h. Ele viajou de São Paulo para Brasília atendendo ao chamado de ACM.
O médico, que já tratou de ACM, também cuidou do ministro Sérgio Motta até sua morte, no domingo à noite.

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