São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998 |
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Presidente lamenta 'perdas irreparáveis'
CLÓVIS ROSSI
Escrita pelo próprio presidente, a nota diz que recebera, "no meio da noite, a dolorosa notícia". E acrescenta: "É muito difícil expressar com palavras os meus sentimentos". A nota afirma ainda: "Luís Eduardo Magalhães era, para mim, muito mais que um líder político. Nesses anos todos, convivemos com amizade e fraternidade". O texto termina com uma "palavra de saudade e de união à sua dor" para "o senador Antonio Carlos Magalhães, amigo e pai", também em nome da primeira-dama, Ruth Cardoso. A nota foi lida por José Gregori, secretário de Direitos Humanos, ao lado do ministro da Fazenda, Pedro Malan. Antes, o próprio Gregori havia comentado: "O governo perdeu a sua dupla de zagueiros. É como se fosse um desastre de avião". Até a leitura da nota, o presidente não havia decidido se cancelava ou não sua visita oficial à Espanha -prevista para terminar no próximo sábado- para regressar ao Brasil a tempo de ir ao enterro. A notícia sobre a morte de Luís Eduardo chegou a Madri pouco depois de 1h da manhã (20h em Brasília), horário em que o presidente já havia se recolhido para dormir no Palácio de El Pardo, sua residência oficial em Madri. FHC soubera do infarto e consequente internação do deputado por volta de 22h30 (17h30 em Brasília), quando terminava o jantar privado de que participou na embaixada brasileira em Madri. Sua assessora de imprensa, Ana Tavares, recebeu a informação da internação e passou-a ao filho do presidente, Paulo Henrique, que a levou ao pai. "Não me diga uma coisa dessas, não é possível", reagiu FHC. Em seguida, pediu uma ligação para Brasília, para falar com o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães. ACM tranquilizou Fernando Henrique Cardoso: "Está tudo sob controle", disse o senador, uma hora e meia antes de Luís Eduardo morrer. Ainda assim, o presidente sugeriu que Luís Eduardo fosse removido para São Paulo. Mas ACM insistiu em que a situação, pelo menos naquele momento, não exigia esse tipo de providência. Depois do telefonema, FHC comentou com os que se encontravam à sua mesa que Luís Eduardo estava muito emocionado no enterro de Sérgio Motta, na segunda-feira em São Paulo. Além disso, o calor que fazia naquele dia talvez tivesse contribuído para o mal-estar do líder governista, especulou o presidente. Gregori usou psicologia política para explicar o que pode ter acontecido, ao conversar com os jornalistas que aguardavam a saída de FHC do jantar: "Político, de modo geral, se acha indestrutível. Quando um de seus pares é vítima, fica vulnerável". Um repórter quis saber se as autoridades brasileiras não estavam preocupadas com a sucessão de episódios do gênero. Resposta de Gregori: "É mera coincidência. Infarto não é dengue, não é contagioso". Texto Anterior: Morte deixa FHC sem seu elo com o PFL Próximo Texto: Morre a principal opção política do PFL Índice |
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