São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998 |
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Protesto marca comemoração de Tiradentes em Ouro Preto
FÁBIA PRATES
O protesto, organizado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), reuniu 7.000 pessoas, segundo os organizadores, e 4.000, segundo a Polícia Militar. Além dos manifestantes, cerca de 2.000 pessoas, segundo a PM, assistiram à solenidade que homenageou 290 personalidades. Professores de universidades federais, estudantes e outros funcionários públicos começaram a ocupar o prédio da Escola de Engenharia de Minas no início da manhã. Mas foram impedidos de entrar na praça Tiradentes, onde aconteceu a cerimônia, por um cordão de isolamento feito por PMs. Por volta das 11h, cerca de 120 sem-terra, acompanhados de representantes de partidos políticos, coordenadores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e outros manifestantes, chegaram à praça em passeata. Os sem-terra, que participaram do protesto que marcou o segundo ano do massacre de Eldorado do Carajás, dia 17, em Belo Horizonte, foram em marcha até Ouro Preto no sábado. A segurança do evento neste ano foi reforçada. Cerca de 600 PMs, o dobro do efetivo de 97, participaram da operação. Não houve confronto, mas muitos policiais carregavam cacetetes e bombas de gás lacrimogêneo. Durante a cerimônia -entre 11h e 12h30-, os manifestantes gritaram palavras de ordem e xingaram o governador Eduardo Azeredo e o presidente Fernando Henrique Cardoso de "ladrão". Eles carregavam bandeiras e faixas com mensagens denunciando o caos na educação e contrárias a FHC. A entrega das medalhas foi presidida pelo governador Eduardo Azeredo e teve como orador oficial o ministro do Planejamento, Paulo Paiva. O som do cerimonial tentou abafar o barulho dos manifestantes. Antes da solenidade, seis caixas de som, instaladas em frente à Escola de Engenharia, tocavam músicas baianas em volume alto. Por volta das 13h, quando as autoridades já tinham deixado o palanque, os manifestantes invadiram a praça, fizeram discursos e abraçaram a estátua de Tiradentes. Houve empurra-empurra entre policiais e manifestantes. O governador Azeredo ficou irritado. Seu discurso ressaltou a necessidade de haver divergência sem radicalismo. Em entrevista, chamou os manifestantes de "minorias radicais e trogloditas". "É uma união de corruptos e demagogos. São pessoas que vieram em ônibus pago pela CUT, e esse dinheiro veio do imposto sindical. Não é a população que está aqui. São ativistas políticos que realmente insistem em não entender a democracia", disse. Texto Anterior: O choque Próximo Texto: O general sabe o que quer Índice |
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