São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Freio faz Brasil perder competitividade

RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil caiu quatro posições no ranking dos países mais competitivos do mundo, divulgado ontem na Suíça. Na lista preparada pelo IMD, uma escola suíça de administração que forma pessoal de primeiro escalão de grandes empresas, o Brasil aparece em 37º lugar, em um total de 46 países.
O Brasil cedeu posições para países como Turquia, México, Hungria e Itália. Segundo avaliação do IMD, o Brasil só é mais competitivo do que os países asiáticos em crise, como Tailândia e Indonésia, alguns vizinhos da América Latina, a África do Sul, e países do leste europeu que ainda enfrentam a transição para o capitalismo.
Entre as 223 variáveis analisadas pelo IMD, o Brasil perdeu fôlego especialmente nas questões ligadas ao desempenho da economia e do governo. Entre os países estudados, a economia brasileira apresentava o 25º melhor desempenho e caiu para o 39º lugar. A avaliação da capacidade do governo melhorar os fatores de competitividade do país, através de privatização ou reformas estruturais, baixou do 16º para o 21º posto.
A queda brasileira é consequência direta da crise asiática, que se intensificou em outubro do ano passado. Desde 94, o Brasil vinha escalando o ranking do IMD, subindo do 43º lugar para o 33º posto. O principal combustível da ascensão brasileira era a confiança de empresários e executivos no desempenho da economia. Em 98, o desânimo prevaleceu.
"Os dados objetivos da economia brasileira não mudaram no ano passado. O que prejudicou o Brasil foi a parte da pesquisa feita com entrevistas com empresários e executivos", diz Carlos Alberto Arruda, pesquisador da Fundação Dom Cabral, responsável pela parte brasileira do projeto.
As entrevistas com 105 diretores e presidentes de grandes empresas foi permeada pela incerteza quanto ao futuro da economia brasileira. O resultado foi especialmente negativo porque as entrevistas foram feitas entre dezembro do ano passado e fevereiro de 98, quando os efeitos da crise asiática eram ainda mais fortes.
A pesquisa traz outras surpresas. O Japão, que já dominou os primeiros lugares da lista, caiu para a nona colocação no ano passado e em 98 despencou para o 18º lugar. Para o IMD, o Japão pode voltar a subir no ranking se o recente pacote econômico conseguir eletrizar a adormecida economia do país.
Seus vizinhos, como a Tailândia e a Coréia do Sul, também vão precisar de muita ginástica para melhorar de posição. A Tailândia teve a maior queda do ranking, perdendo dez posições. Já a Coréia do passou do 30º para o 35º posto, em uma posição ainda melhor do que a do Brasil.
O ranking continua sendo dominado pelos Estados Unidos, há cinco anos no topo da lista. O país reúne indicadores invejáveis. Sua economia cresce sem parar há mais de sete anos, a inflação está controlada e o desemprego está no nível mais baixo nos últimos 24 anos. A dúvida é saber quanto tempo essa fase de ouro vai durar.

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