São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Justiça turca condena prefeito muçulmano

Erdogan recebe dez meses de prisão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O prefeito de Istambul (Turquia), o político islâmico Recep Tayyip Erdogan, foi condenado ontem a dez meses de prisão por "provocação racial e religiosa".
Erdogan, que foi julgado pela Corte Estatal de Segurança da cidade de Diyarbakir (sudeste do país), também terá de pagar uma multa equivalente a US$ 3.000. O prefeito apelou da decisão.
Um número não divulgado de manifestantes foi às ruas de Istambul, a maior cidade da Turquia, protestar contra a condenação.
"Acredito que a corte vai rejeitar a apelação. Que eles saibam que nenhuma punição poderá deter Tayyip Erdogan. Aqueles que não conseguiram nos deter politicamente querem nos deter de outras formas", disse o prefeito.
Erdogan foi condenado devido a um discurso proferido no ano passado a uma multidão de simpatizantes em Siirt (sudeste) e no qual teria conclamado a população ao extremismo religioso.
"As mesquitas são nossos quartéis, os minaretes nossas baionetas, as cúpulas nossos capacetes, e os crentes nossos soldados", afirmou ele na ocasião.
A condenação do prefeito é mais um capítulo da luta empreendida pela cúpula militar turca para manter o Estado secular, limitando a influência de políticos muçulmanos e aproximando o país do Ocidente.
O atual governo turco, liderado pelo premiê Mesut Yilmaz (um político laico), intensificou a pressão contra a parcela islâmica da sociedade. Recentemente, vários prefeitos islâmicos foram detidos e escolas religiosas foram fechadas pela autoridades.
O movimento se segue à renúncia, em junho passado, do primeiro governo de perfil islâmico desde a criação do moderno Estado turco, na década de 20.
Naquele mês, após intensa pressão militar, o premiê Necmettin Erbakan renunciou. Em janeiro, o ex-premiê foi banido da política por cinco anos, e seu partido foi extinto. Erdogan era visto como um sucessor de Erbakan.

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