São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 1998
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Scalco diz que sua missão é "conversar"

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Euclides Scalco, 65, assume na semana que vem o cargo de coordenador político da campanha de Fernando Henrique Cardoso à reeleição para presidente. Resume em uma palavra a missão que recebeu de FHC: "Conversar".
Como assim? Scalco, ex-deputado federal na década de 80 e hoje diretor-geral da Hidrelétrica de Itaipu, responde: "Conversar com os outros partidos, ver qual a orientação deles".
Essas conversas terão de servir para harmonizar em cada Estado o relacionamento dos partidos já aliados a FHC no plano nacional. Em São Paulo, por exemplo, o presidente terá de dividir sua atenção entre dois candidatos ao governo: Mário Covas (PSDB) e Paulo Maluf (PPB-PFL).
Scalco, que no passado teve militância na esquerda, é tido como uma pessoa intransigente do ponto de vista ideológico. Mas ele acha que isso não estará presente em seu trabalho.
"Ter posições firmes não quer dizer antagônicas. Vamos trabalhar num colegiado que tem vários partidos, e tenho consciência do papel que terei de exercer", diz.
O ex-deputado está sem partido desde 95. E pretende continuar assim. Desliga-se de Itaipu na segunda-feira. Na terça deve desembarcar em Brasília.
A seguir, os principais trechos de sua entrevista à Folha, feita ontem, por telefone, durante o jogo do Brasil contra a Escócia:
*
Folha - Quais são as suas prioridades como coordenador político?
Euclides Scalco - Procurar os outros partidos da coligação para fazer um trabalho em conjunto. Depois dos contatos em Brasília, aí vamos traçar um caminho. Primeiro tenho de falar com todos os que participarão do comitê.
Folha - O presidente fez alguma recomendação específica ao sr.?
Scalco - Conversar.
Folha - Como assim?
Scalco - Conversar com os outros partidos, ver qual a orientação deles. Há um grupo junto ao presidente, de apoio estratégico. Nós, no comitê, seremos os executores, comandados por esse grupo.
Folha - O sr. vai se sentir à vontade para falar com todos os partidos da aliança?
Scalco - Sem problema nenhum. Quando estive na Câmara, liderei durante um período o partido na campanha da constituinte. Houve um perfeito entrosamento com todas as lideranças.
Folha - O sr. se dá bem com o Antonio Carlos Magalhães?
Scalco - Tive pouca relação quando estive na Câmara. Ele era ministro das Comunicações. Mas tive muito bom relacionamento com Luís Eduardo.
Folha - Com Paulo Maluf, do PPB, que é outro partido da aliança, o sr. tem algum relacionamento?
Scalco - Nunca tive relação, porque ele nunca foi parlamentar quando eu estive na Câmara. Mas tive muito bom relacionamento com vários deputados que pertencem ao partido dele.
Folha - O sr. tem restrições a Paulo Maluf ou ao partido dele?
Scalco - Não tenho restrição nenhuma. Ele faz parte da aliança, politicamente tem uma posição diferente, mas dentro dessa aliança vamos buscar o que é bom.
Folha - Embora ele seja adversário de Mário Covas, um aliado do sr. em São Paulo...
Scalco - Isso acontece no país inteiro. A aliança nacional não se repete no nível dos Estados.
Folha - O sr. acha possível que o presidente participe de palanques adversários em algum Estado?
Scalco - Isso ainda não foi discutido nem conversado. Já na vez passada aconteceu isso. Depende de cada Estado. Temos de esperar as convenções para depois disso constituir todos os grupos. O meu papel vai ser de ajudar e buscar o entendimento sempre.
Folha - O sr. é conhecido pelas suas posições firmes do ponto de vista ideológico. Há quem considere isso um empecilho na hora de fazer esses acertos em nível estadual. O que o sr. acha disso?
Scalco - Acho que isso aí nós vamos ver na prática, o que vai acontecer. Ter posições firmes não quer dizer antagônicas. Vamos trabalhar num colegiado que tem vários partidos, e tenho consciência do papel que terei de exercer.

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