São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 1998
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PT quer política industrial contra oligopólio

PATRÍCIA ANDRADE
DA REPORTAGEM LOCAL

O coordenador do programa de governo do PT, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que a política industrial de uma eventual administração petista vai combater duramente os oligopólios. Ele prevê medidas drásticas, como a diminuição de alíquotas de importação de certos produtos, para obrigar as empresas nacionais a se enquadrarem numa política de crescimento econômico.
"Podemos quebrar a espinha desses setores oligopolizados por meio de alíquota de importação zero", afirmou Garcia.
Ele disse também que, em alguns casos, poderia haver elevação de alíquotas de importação para estimular a produção nacional.
"Não queremos reeditar a velha política industrial que favorecia os cartórios. Queremos uma política transparente, com metas de crescimento para todo mundo e geração de empregos", disse.
Segundo ele, no programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva deverá constar propostas como a volta das antigas câmaras setoriais, fórum no qual se reuniam governo, empresários e sindicalistas para discutir os rumos da política industrial.
O programa de governo dos partidos da frente de esquerda que apóia Lula deve ficar pronto em julho. A idéia é lançar dois documentos. Um terá cerca de 20 laudas e detalhará propostas para as mais diversas áreas. O outro, mais sucinto, de cinco páginas, será uma espécie de manifesto.
"Nesse manifesto, traremos propostas para enfrentar a crise em que está mergulhado o país. Vamos apontar a que viemos", explica Garcia.
"Vamos dizer que quem elege o presidente da República são os eleitores e não as Bolsas de Valores e os investidores internacionais", disse o coordenador do programa.
Garcia aproveitou para fazer críticas ao presidente do Banco Central, Gustavo Franco.
"O voto do Gustavo Franco vale tanto quanto o de qualquer brasileiro. Não adianta ficar nessa histeria porque afeta a democracia e a própria estabilidade econômica", disse.
A proposta de estabelecer quarentena para o capital especulativo, segundo Garcia, já constava de um documento preparado pelos partidos da frente em outubro.
A quarentena é o mecanismo pelo qual o capital que entra no país fica submetido a um prazo mínimo para ser retirado pelo investidor. De acordo com Garcia, a medida deve constar do programa de governo, mas falta ainda determinar a extensão desse prazo.

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