São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 1998
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De ombros

MATINAS SUZUKI JR.
DE OMBROS

Nem os chutes com pés nem as atualmente temidas cabeçadas. A parte do corpo humano que mais originou gols na ótima abertura da Copa da França, ontem, foram os ombros.
Logo aos 4min, ave César! César Sampaio, que vem sendo treinado para ser mesmo uma ave, para voar e fazer gols de cabeça, dá de ombro na bola e... lá vai o filho do tranquilo seu Tarquínio ficar para a história das Copas do Mundo por ter inaugurado o placar da França-98.
Depois, no segundo tempo, Cafu, em bela jornada parisiense, arremata de dentro da área, o goleiro Leigthon rebate, a bola bate no ombro do pobre celta Boyd e... os escoceses vão descobrir agora se, como o uísque que fabricam e bebem às talagadas, a derrota não dará ressaca no dia seguinte.
Depois, na noite de Montpellier, o norueguês Berg tromba com o goleiro marroquino El Brazi, a bola bate no seu ombro, o defensor Chippo tenta tirar, mas... o bacalhau tinha ido para a rede.
Os técnicos pediram hombridade e os jogadores passaram a jogar com os ombros.
A seleção superou a expectativa. Durante três períodos (inícios do primeiro e segundo tempos, e depois da entrada de Denílson), podemos sentir a grandeza que o seu futebol pode atingir.
Ela superou o carma da estréia, Rivaldo, César Sampaio e Roberto Carlos estiveram bem, Ronaldo apareceu mais para o jogo. Mas algumas coisas ainda preocupam, entre elas o espaço para o meio-campo adversário jogar, as condições físicas de Aldair e Dunga, e algumas pixotadas de Júnior Baiano.
A Copa começou muito bem, sem violência, e com sete gols em dois bons jogos. Se a boa notícia para a seleção brasileira foi o empate da Noruega, que esteve abaixo da expectativa, a má notícia é que Marrocos esteve bem melhor do que se esperava.
Se Humphrey Bogart estivesse assistindo ao jogo de ontem no Rick's, em Casablanca, ele diria: "Play it again, Hadji", para o gol mais bonito do Mundial até agora, Mundial que vai sepultar definitivamente a chuteira preta.
E hoje é dia de ficar de olho no Chile, do Ban Ban Zamorano, e na Itália, que não terá Del Piero. Agora já se pode começar a dizer que um dos dois será nosso rival.

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