São Paulo, sexta-feira, 12 de junho de 1998
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Os eleitos

EDUARDO OHATA

Ninguém parece ter ficado realmente decepcionado com o cancelamento do combate entre Evander Holyfield e o desafiante Henry Akinwande, pelos cinturões da AMB (Associação Mundial de Boxe) e FIB (Federação Internacional de Boxe).
Poucos haviam ouvido falar de Akinwande, e aqueles que sabiam algo a seu respeito não demonstravam entusiasmo.
Quando desafiou o britânico Lennox Lewis, campeão pelo CMB (Conselho Mundial de Boxe), em 97, foi desclassificado por excesso de agarrões. Depois disso, não fez nenhuma outra apresentação digna de nota.
Mesmo assim, a AMB elevou Akinwande em seu ranking, abrindo a possibilidade do nigeriano voltar a disputar título.
Enquanto todos esperam uma unificação entre Holyfield e Lewis, ambos terão de fazer mais defesas obrigatórias nos próximos meses, contra, respectivamente, Vaughn Bean e Zelijko Mavrovic. Dois ilustres desconhecidos que ocupam os primeiros postos na FIB e CMB.
Onde as entidades que "organizam" o esporte vêem méritos para elevá-los ao posto de desafiantes oficiais é um verdadeiro mistério. O problema é que, com tantas defesas obrigatórias impostas, os lutadores não têm condições de participar de lutas verdadeiramente relevantes.
O "garoto de ouro" Oscar de la Hoya, campeão dos meio-médios pelo CMB, enfrenta o mesmo problema.
Enquanto todos querem ver De la Hoya contra adversários competentes como Félix Trinidad e Ike Quartey, respectivamente campeões pela FIB e AMB, em unificações, o lutador é forçado a gastar seu tempo contra "os eleitos da AMB".
Amanhã, ele sobe ao ringue armado em El Paso (EUA) para lutar com o primeiro do ranking, o francês Patrick Charpentier. A questão não é se o francês tem ou não chance de tomar o cinturão de De la Hoya, mas quem ele bateu para chegar até esta disputa.

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