São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998
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DEPOIMENTOS

Alencar Furtado - "Muitos nos viam como uns desvairados, mas se o grupo não avançasse, quem avançaria? Fizemos alianças com artistas, com intelectuais, com todo mundo. O pessoal, aqui fora, dizia que não deveríamos nem estar lá dentro. Como não? Era lá que podíamos atuar".

Amaury Müller - "Em razão do recrudescimento da repressão política, nos anos amargos do governo Médici, muitos de nós consideravam, sem a intenção de prejulgar ninguém, que a luta armada, embora justa e desejável, oferecia forte pretexto para o regime prender, torturar e assassinar, encurralando cada vez mais os direitos humanos no país".

Fernando Cunha - "Não tínhamos líder. Era uma coisa muito espontânea, muito fraternal. Creio que foi um dos episódios de maior liberdade já vistos no Brasil".

Fernando Lyra - "A anticandidatura marcou muito. É emocionante lembrar a satisfação que senti ao ouvir na BBC de Londres, a única emissora que possibilitava acesso às notícias sem censura sobre o Brasil, a divulgação do resultado da eleição: Arena tantos votos; MDB outros tantos; e o Grupo Autêntico: 23 votos!".

Francisco Amaral - "O que nos unia era luta contra a ditadura! Viemos de várias origens ideológicas, além de regiões geográficas diferentes, e nos localizamos dentro de um mesmo contexto".

Francisco Pinto - " Brincávamos chamando Fernando Lyra de 'Cabo Lyra'; Alceu Collares de 'Sargento'; Alencar Furtado de 'Coronel', Marcos Freire era nosso 'Almirante'; e eu, 'Marechal'. Era o nosso Exército. Porém havia os que não toleravam militares e não gostavam dessa nomenclatura".

Freitas Diniz - "O grupo tinha coragem cívica de ir à tribuna e denunciar. Isso repercutia lá fora e incomodava o regime autoritário".

Getúlio Dias - "Fizemos da política um efetivo instrumento transformador da vida social".

Jaison Barreto - "Quando nos enfraquecemos e a nossa ação não era mais a mesma, a prática fisiológica prevaleceu, e o partido perdeu a cara, e entrou na rotina falaciosa do maior partido do ocidente. O fisiologismo ainda hoje é real no PMDB, tanto é que inventaram uma fórmula: eles não se vendem, fazem leasing. A cada votação querem um Ministério".

Jerônimo Santana - "Estávamos presentes em todas as comissões, formulávamos requerimentos de informação, questionando a atuação do governo. Em inúmeras oportunidades, os membros da direção partidária discordavam da nossa agressividade de atitudes e da coragem arrebatadora de nossa atuação parlamentar".

Lysâneas Maciel - "O MDB foi criado apenas para fazer 'pendant' com a Arena. Não era um partido de oposição. Havia, porém, deputados que queriam mostrar ao mundo a existência de um grupo de parlamentares que não coonestava a ditadura".

Marcondes Gadelha - "Caminhávamos em cima de um fio de navalha. De um lado, a guerrilha, desespero total na ação política; de outro a conveniência, que era a ação dos moderados. E, nosso grupo, no meio, acreditando na oposição congressual, mas com a consciência de que era uma passagem muito estreita, a qual alçaríamos por responsabilidade histórica".

Paes de Andrade - "O grupo projetou uma imagem tão positiva do MDB perante a opinião nacional, que nas eleições de 1974, realizadas em clima de semilegalidade, sob processo de intimidação e de violência, traduzindo a legislação eleitoral casuística, conseguimos eleger uma grande bancada".

Santilli Sobrinho - "A anticandidatura foi um dia memorável. O primordial era mostrar que a oposição não disputava, porque seria como fazer o jogo da ditadura".

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