São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998
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A GAROTA DA HORA

Depois de viver o papel de uma aristocrata mineira que se torna prostituta em "Hilda Furacão", a atriz e modelo Ana Paula Arósio, 22, se prepara para trazer mais um personagem polêmico em seu currículo cênico. Nesta semana, ela viaja para o Rio de Janeiro, onde deve gravar um episódio do seriado global "Mulher". Ao lado de Eva Wilma e Patrícia Pillar, a atriz fará o papel de uma hermafrodita que luta por sua identidade sexual. "É bastante angustiante." Em boa fase no cinema, Ana Paula está quase no fim de uma produção de Del Rangel e já se prepara para fazer outro personagem polêmico: o da atriz Odete Lara, que assistiu ao suicídio de sua mãe. Aconselhada pela diretora da produção a fazer análise com terapeuta durante a filmagem, Ana Paula topou o desafio.

Depois de encarnar uma prostituta em "Hilda Furacão", como será fazer esse papel de hermafrodita em "Mulher"?
Para mim, será mais um desafio grande. Não é fácil ter de traduzir um conflito psicológico tão profundo, como esse da identidade sexual. É bastante angustiante. Mas será bom poder estar ao lado de grandes atores mais uma vez.

Isso a deixa insegura?
Inseguro o ator, por mais experiência que tenha, sempre vai se sentir, porque está se expondo, mas isso faz parte do trabalho dele. Críticas construtivas são sempre bem-vindas. Elas me fazem crescer mais, amadurecer como pessoa e profissionalmente. Quando comecei, as pessoas deviam pensar se eu realmente sabia falar, já que tinha trabalhado apenas como modelo.

Como avalia sua atuação como objeto (modelo) e como sujeito (atriz)?
Apesar de gostar mais de trabalhar como atriz, a carreira de modelo também me muito ajudou em várias coisas. Primeiro, na questão da disciplina e, depois, em ter conhecimento de outras culturas ao viajar e morar em outros países. Deixar de ser modelo e passar a ser atriz é descobrir que se tem voz, que se tem movimento.

Você concorda com muitos atores antigos quando dizem que hoje em dia é bem mais fácil entrar e se firmar na carreira artística?
Hoje é mais fácil uma colocação no meio artístico, já que a arte é mais reconhecida, há mais emissoras de TV, mais produções e, portanto, mais oportunidades de trabalho. Não se deve esquecer também o fato de que o cinema brasileiro está sendo mais valorizado do que no passado.

Como foi fazer sua primeira cena de nudez na televisão?
Foi muito difícil por ser logo a primeira cena que gravei em "Hilda Furacão". Mas consegui encarar a coisa com muita naturalidade. Não fiquei envergonhada.

Isso quer dizer que posaria nua para uma revista masculina com facilidade?
Não. Acho que na televisão a sensualidade não é tão exacerbada como em uma revista erótica. É sempre mais velada, mais delicada. Não tenho nada contra quem faz os trabalhos para esse tipo de revista, mas acho que não é minha praia. Não faria mesmo.

Além de protagonizar personagens polêmicos, você acha que está em uma boa fase para atuar no cinema?
Devo terminar as gravações de um drama de Del Rangel ("Os Cristais debaixo do Trono") na primeira semana de julho. O filme deve chegar ao cinema no segundo semestre deste ano. Depois, vou para o Rio gravar "Lara", filme de Ana Maria Magalhães, que contará um pouco da conturbada vida da atriz Odete Lara.

Você terá mais tempo para se preparar para o filme do que para "Hilda Furacão"?
Realmente tive pouquíssimo tempo para me preparar para fazer o papel de Hilda. Li o script em uma semana. Mas ainda consegui conversar com algumas prostitutas de Belo Horizonte e pegar um pouco de suas experiências. Para fazer Lara fui aconselhada pela diretora a começar uma análise com terapeuta. A carga dramática será muito grande.

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