São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998 |
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Susep tenta vender Papa Tudo a seguradora
VANESSA ADACHI
A seguradora tem interesse em ficar com a Interunion, e a Susep estaria disposta a entregar a empresa, mesmo sem a aprovação dos atuais controladores. A Interunion está sob direção fiscal (intervenção mais branda) há dois anos e, de lá para cá, o problema de falta de reservas e deficiência de caixa só tem se agravado. A negociação emperra na questão preço. A Susep pretende que a seguradora cubra o rombo das reservas da Interunion (provisão para cobrir o resgate dos títulos). O valor -que pode variar de R$ 70 milhões a R$ 200 milhões, dependendo da fonte da informação-, no entanto, é considerado alto demais. Na estimativa de especialistas, com R$ 30 milhões seria possível montar toda a estrutura de uma empresa de capitalização como a Interunion. Apenas a venda para um grande grupo, na avaliação de profissionais da área, devolveria a saúde financeira à Interunion. Se quiser implementá-la, no entanto, a Susep terá de rever as condições. Há duas semanas, os atuais sócios da empresa -Arthur Falk, Servlease (incorporadora de Gilberto Bomeny) e BBC Serviços- assinaram um novo acordo de acionistas. Por esse acordo, Falk, que tem 33% das ações e foi afastado do comando há pouco menos de um ano, voltaria a administrar a empresa. Ele não voltaria pessoalmente. Teria executivos seus decidindo. Como proposta para tapar o buraco das reservas do Papa Tudo e conseguir que a Susep aprove o acordo, os sócios querem reativar um antigo projeto, o da transformação do Hotel Nacional no World Trade Center do Rio de Janeiro. O hotel faz parte das reservas da Interunion, vinculadas à Susep, e a Servlease é a incorporadora do WTC de São Paulo e detentora da marca no Brasil. A idéia é dar início à incorporação, vendendo debêntures (títulos de renda fixa) lastreadas no empreendimento para investidores. Essas debêntures entrariam nas reservas. Paralelamente, seriam oferecidos mais imóveis em garantia. Também essa proposta emperra em alguns pontos. A Susep ficaria em situação delicada ao permitir que Falk voltasse ao poder após dois anos de intervenção e após tê-lo afastado em julho de 97. Além disso, já há imóveis demais nas reservas da Interunion, que está precisando de garantias com mais liquidez. Entre essas duas saídas, ainda bastante frágeis, a Susep enfrenta uma decisão crítica. A liquidação, que segundo especialistas é a solução mais correta do ponto de vista técnico, também traria problemas, com reflexos políticos indesejados em ano eleitoral. Existem cerca de 30 milhões de pessoas com os títulos do Papa Tudo nas mãos. Em caso de liquidação, essas pessoas só teriam direito a receber seu dinheiro depois que fossem saldadas as dívidas fiscais e trabalhistas da empresa. Texto Anterior: Entenda a diferença do Sacre para a Price Próximo Texto: Rombo é de R$ 70 milhões Índice |
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