São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998
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As opções de Zagallo para mudar a seleção

TELÊ SANTANA

Como vocês puderam notar, a seleção brasileira fez uma estréia na Copa que só foi boa pelo resultado. A resposta para isso é clara (não serei o primeiro nem o último a dizer), mas falta entrosamento, os jogadores não se entendem em campo.
A armação tática usada pelo Zagallo é correta. Ela é usada pela maioria dos clubes no Brasil, com dois jogadores de meio-campo cobrindo as descidas dos laterais etc. Também não adianta voltar a dizer que o time deveria ter treinado mais, porque, agora, durante a Copa do Mundo, o entrosamento só vai ser adquirido nas partidas.
Parece claro, por suas últimas entrevistas, que Zagallo deve substituir Giovanni por Leonardo. Mas como ele levou Giovanni para jogar como titular, isso acaba criando um inconveniente. Creio que Leonardo, apesar de ser canhoto, poderá executar aquela tarefa, porque ele é um jogador que sabe se posicionar naquela faixa de campo (a da direita).
Quanto a Bebeto, ele realmente não conseguiu se acertar ainda. Eu não acho que ele deva permanecer na posição, tirando lugar do Denílson. O Denílson está atravessando uma fase boa, é um jogador que decide jogos, é driblador, versátil. E nos jogos da Copa do Mundo, pelo que pude acompanhar até agora, o que está decidindo são as jogadas individuais, que ele pode executar. Até aceito o argumento de que o Denílson possa ser usado num momento decisivo da partida, mas, se eu tivesse que optar, começaria com ele jogando.
Outro de quem se espera grandes atuações é o Ronaldinho. Talvez pela marcação, por ser um jogador muito visado e também por dificuldades de entendimento com seus companheiros de ataque, ele ainda não conseguiu desempenhar o futebol à altura das expectativas.
Esta Copa do Mundo está para o Brasil, mas o time precisa atuar em boas condições, criar mais situações de gol, que foram poucas diante de um time como a Escócia, e não permitir passar por sustos em seu setor defensivo.
Na próxima fase, o Brasil pode pegar a Itália ou o Chile. Se for a seleção da Itália, não tenham dúvida de que a partida será muito difícil.
*
Das seleções que estão nesta Copa as que estão despertando a minha curiosidade são a Argentina, que estréia hoje, e a Holanda, que está muito bem e que pode voltar a ser aquela Holanda que encantou a todos em 74.
A Argentina tem jogado bem, com padrão tático bem definido e um futebol convincente.
A França, que jogou sexta-feira, ganhou com um placar alto da África do Sul, mas não é que tenha jogado muito bem. Na verdade, o time da África do Sul era inferior tecnicamente e esse foi o fator que, creio eu, tenha pesado, mais a para o lado dos franceses.
A Copa da França, pelo menos nos jogos desta primeira rodada, está com um padrão técnico bom, superior ao do Mundial de 1994, nos EUA. A expectativa era essa mesma. Será muito difícil, a não se que haja uma queda geral no nível das partidas, este Mundial ter nível pior do que o de 94.
Também gostaria de chamar atenção para a atuação dos árbitros.
Eles estão sendo corretos, podem cometer um ou outro erro, mas percebe-se o esforço para coibir a violência, o carrinho, a falta maldosa, tudo aquilo que deixa o futebol feio.

E-mail: tele@gold.com.br

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