São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998 |
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Promotor apura compra de automóvel por Maluf
LUIS HENRIQUE AMARAL
O Jaguar foi comprado em julho de 97 pela empresa Obelisco Agropecuária, que pertence à mulher de Maluf, Sylvia, e à filha do casal Ligia. Essa empresa fornecia frangos para a A D'Oro, que pertence a Fuad Lutfalla, irmão de Sylvia, que revendia para a prefeitura. Em depoimento no inquérito policial que investiga o Frangogate, Maluf afirmou que o Jaguar é usado por sua mulher, Sylvia. Para o promotor que atua no Frangogate, Carlos Eduardo Fonseca da Matta, o carro pode ser a principal evidência de que Maluf foi favorecido pela negociação com frangos a preço supostamente superfaturado. "Ele adquiriu um automóvel Jaguar depois de ter vendido frango. Existe a suspeita que isso poderia ser resultado de vantagem econômica que ele teria tido nessas licitações", disse ontem o promotor. Ainda segundo Fonseca da Matta, o fato de que a Obelisco está em nome de Sylvia e Ligia não exime Maluf. "O ex-prefeito é casado em comunhão universal de bens com Sylvia", explicou o promotor. Ontem de manhã, o promotor Fonseca da Matta e o delegado Hércules Crespi, que preside o inquérito do Frangogate, interrogaram o prefeito Celso Pitta por três horas na sede da prefeitura. Pitta foi ouvido sobre o papel que teve na edição da portaria municipal 258/94, que permitiu a readequação de preços de contratos da prefeitura. Essa portaria foi utilizada para autorizar o aumento no preço do frango que era fornecido pela Sadia para prefeitura. Como o preço subiu, a empresa deixou de fornecer para a prefeitura, sendo substituída pela A D'Oro, que havia ficado em segundo lugar na licitação realizada para escolher o fornecedor. Outro lado O advogado de Pitta e Maluf, Jamil Mattar, disse ontem que o Jaguar não prova que houve favorecimento a Maluf. "Não há provas de favorecimento. Ele (o promotor) não conseguiu provar e não há provas. Há apenas comentários, indícios ou suposições", disse. "Não há um fato concreto a desabonar Pitta e Maluf." Sobre a portaria que teria favorecido as empresas da família Maluf, Mattar afirmou que ela é "perfeitamente" legal. "Ela está em vigor até hoje e serviu para evitar o colapso no fornecimento de serviço e mão-de-obra." O inquérito policial do Frangogate deverá ser enviado agora para o Tribunal de Justiça e, posteriormente, para o procurador-geral de Justiça, Luiz Antônio Marrey. Marrey deverá decidir se oferece denúncia, se solicita novas investigações ou, ainda, se pede o arquivamento do inquérito. Texto Anterior: CAE limita endividamento Próximo Texto: Regra favorece municípios Índice |
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