São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998
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Brasil define seu primeiro astronauta

ÁLVARO MONTENEGRO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O nome do primeiro astronauta brasileiro será divulgado hoje, às 15h, pela Agência Espacial Brasileira (AEB), em Brasília. Cinco pilotos militares concorrem à vaga do Brasil na Estação Espacial Internacional (ISS).
Os candidatos foram selecionados pela AEB a partir de 15 indicações das Forças Armadas. Na fase final de seleção, baseada em entrevistas individuais, a AEB foi auxiliada por técnicos da Nasa (agência espacial dos EUA).
Os critérios utilizados pela AEB para selecionar os candidatos são os mesmos empregados pela Nasa na escolha de seus astronautas, segundo a agência. Durante o processo de seleção, foram analisados principalmente os currículos dos candidatos.

Acordo com os EUA
A ida de um astronauta brasileiro à ISS ficou acertada em outubro de 1997, quando o Brasil, por meio de acordo assinado com os EUA, passou a participar da construção e da operação da nave.
O brasileiro selecionado deve ainda passar por testes de aptidão física no centro de treinamento da Nasa, no Centro Espacial Johnson (CEJ), em Houston, nos EUA.
Para a AEB, os exames de capacidade física, que podem vir a desclassificar um candidato, não deverão representar um problema.
Os cinco brasileiros pré-selecionados, todos eles pilotos de jato, são submetidos rotineiramente a exames físicos pelo menos tão severos quanto os da Nasa, segundo Regina Célia França, assessora de comunicação da AEB.
Caso seja aprovado, o candidato a astronauta do Brasil vai se juntar a pelo menos mais 25 pessoas, entre norte-americanos, franceses, alemães e italianos, num curso de dois anos, que começa em agosto, no próprio CEJ.
No primeiro ano, o candidato passa por um curso de treinamento básico com aulas sobre conhecimentos específicos, que vão da física das condições espaciais à sobrevivência na selva.
Esse é também um período de avaliação. Caso seja considerado inapto, o candidato é dispensado no final do primeiro ano. A AEB diz que casos como esse são muito raros.
A partir do segundo ano, começam os treinamentos específicos para determinadas missões. Durante esse período, todas as etapas de uma missão espacial serão simuladas.
Para reproduzir os efeitos da quase inexistência de gravidade, muitos treinos são realizados em tanques de água.
Existem, segundo a classificação da Nasa, dois tipos de astronauta: piloto e especialista em missão.
O astronauta brasileiro deverá desenvolver a função de especialista em missão, que o responsabilizará por algum projeto de pesquisa a ser desenvolvido durante sua estada no espaço.
O acordo com os EUA prevê a realização de experimentos brasileiros a bordo da ISS.
A AEB diz que o ideal seria o astronauta brasileiro conduzir esses experimentos, mas isso ainda não foi decidido.
Além da permanência na estação, existe a possibilidade de o brasileiro participar de alguma missão de um ônibus espacial norte-americano.
A AEB deve gastar cerca de US$ 500 mil com o treinamento do astronauta brasileiro. Esse valor deverá ser pago à Nasa pelos dois anos de preparação.

Atrasos no cronograma
Prevista para começar neste mês, a montagem da ISS foi adiada para novembro.
A principal causa do atraso do começo da montagem da ISS no espaço é a demora, por parte da Rússia, na construção do módulo de carga denominado FGB.
O governo russo afirma que o atraso do FGB se deve a restrições orçamentárias. A agência espacial russa declarou, no início deste mês, que poderá alugar satélites para fins comerciais para obter recursos para o seu programa.
Uma vez colocado em órbita o FGB, a ele deve ser acoplado no mês seguinte o primeiro módulo de conexão, destinado a permitir a acoplagem de outras naves, com lançamento previsto para 3 de dezembro.
Após os seis primeiros lançamentos, a ISS deve começar a funcionar com uma tripulação de três pessoas, que deverá ficar cinco meses em órbita.

Colaborou a Redação.

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