São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 1998
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Franco prevê novo ciclo de crescimento para o Brasil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Gustavo Franco, previu ontem a senadores um expressivo ciclo de investimentos que, segundo ele, deverá criar perspectivas promissoras para o crescimento do país.
"As coisas mudaram com o Real. Temos rumo, temos um plano, idéias na cabeça e um sonho em construção", disse, em depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Os senadores convocaram Franco para explicar o déficit fiscal. O choque de juros promovido em outubro passado derrubou a previsão de crescimento econômico de 4% para 2% em 1997, e a última pesquisa do IBGE, de abril, indicou desemprego de 7,94%.
Franco disse que a alta de juros teve consequências negativas sobre a economia em um quadrimestre, mas evitou o aprofundamento da crise e a reedição de uma década perdida como a de 80.
Ele também citou dados anteriores ao choque de juros para sustentar que houve ganhos sociais com o plano de estabilização.
Franco afirmou que, com o plano, os salários aumentaram 30% acima da inflação entre 1993 e 1997, o crescimento da economia atingiu 4% ao ano, em média, entre 1994 e 1997 e 7 milhões de trabalhadores romperam a linha de pobreza dos que ganham menos de um salário mínimo.
O presidente do BC foi questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre declarações que fez na cidade suíça de Basiléia sobre efeitos que uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva teria sobre os investimentos estrangeiros.
"Considerei essas declarações como de caráter político-eleitoreiro. Espera-se isenção de um presidente do BC", afirmou Suplicy.
Para Franco, os resultados das eleições afetam as decisões dos investidores e o mercado precisa ser "serenado" pelo governo.
Déficit público
Sobre o déficit público, Franco afirmou que não poderá superar 3% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país) quando não houver mais recursos das privatizações.
Hoje, o déficit público -gastos acima da receita de União, Estados, municípios e estatais- está na casa de 6,5% do PIB, o que é compensado, em parte, pela receita da venda de estatais.
Segundo ele, se esse percentual não estiver reduzido quando acabarem as privatizações, aumentará a proporção da dívida pública em relação ao PIB, hoje de 36%.
Esse percentual, na verdade, já vem aumentando -era de 34,5% no final de 97. É claro que, sem as vendas de estatais, aumentará mais rapidamente.
Franco não disse por quanto tempo ainda haverá recursos das privatizações. Porém, destacou que essas receitas ainda são significativas "num futuro próximo".

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