São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 1998
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Grupo pró-eutanásia assume culpa por morte

DO "EL PAÍS"; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A associação espanhola "Direito à Morte Digna", defensora da eutanásia, reuniu a assinatura de 13 mil pessoas que se "culparam" pela morte do tetraplégico Ramón Sampedro, em 12 de janeiro.
Sampedro, que tinha 55 anos, lutou 29 anos na justiça espanhola para obter o direito à eutanásia. Ele liderou a campanha pela legalização do suicídio assistido na Espanha. Sem sucesso, se matou.
Para não comprometer outras pessoas em seu suicídio, a morte de Sampedro foi filmada em videoteipe. Foi colocado um copo de cianureto ao lado de sua cama, que ele tomou de canudinho. Mas foi aberto um processo para investigar o possível crime de auxílio ao suicídio, do qual é suspeita Ramona Maneiro, mulher de Sampedro. A campanha pelas assinaturas começou assim que Sampedro morreu. Entre os "culpados" estão psiquiatras, escritores, filósofos, cantores, políticos, professores e milhares de cidadãos anônimos.
A vice-presidente da associação "Direito à Morte Digna", Carmen Vázquez, entregou ontem a lista ao juizado de La Coruña, encarregado do caso. Ela declarou que a iniciativa "partiu dos cidadãos, que querem um debate e o direito à liberdade do homem".
Sampedro foi o primeiro espanhol a pedir à Justiça o direito ao suicídio assistido. Seu litígio chegou até o Parlamento Europeu, depois de esgotar a via jurídica espanhola.
A comissão especial sobre a eutanásia do Senado espanhol começou seus trabalhos na segunda. Os especialistas ouvidos, do Instituto de Bioética da Universidade de Navarra, foram contra a total descriminalização da eutanásia.
Sampedro ficou paralisado do pescoço para baixo aos 25 anos quando mergulhou no mar e bateu em pedras. O espanhol, que escrevia suas memórias em um computador por meio de uma vara que ele segurava na boca, editou um livro de reflexões intitulado "Cartas do Inferno".

Com as agências internacionais

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