São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Parreira cai após derrotas

JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Técnico brasileiro, campeão da última Copa, sai do torneio de 98 antes mesmo de acabar a participação de sua equipe

O técnico da Arábia Saudita, o brasileiro Carlos Alberto Parreira, foi demitido do cargo, informou ontem a agência de notícias oficial do país.
Com a demissão de Parreira, o time saudita deverá ser comandado por Mohammad Al-Kharashi em sua próxima partida, contra a África do Sul, na quarta-feira.
Al-Kharashi se tornará, assim, o décimo técnico da Arábia Saudita nos últimos três anos.
Parreira caiu após seu time ter sido goleado pela França, por 4 a 0, na última quinta-feira, e ter se tornado a primeira equipe a ser eliminada da Copa do Mundo.
A Arábia Saudita fora derrotada também em sua partida de estréia no Mundial-98 -1 a 0 para a Dinamarca.
Segundo a agência saudita, a federação do país realizou uma reunião de emergência na noite de sexta-feira, um dia após a derrota para a França.
"O encontro decidiu cancelar o contrato do técnico Carlos Alberto Parreira", diz o comunicado da agência.
O contrato entre o brasileiro e a federação saudita, cujo valor é estimado em aproximadamente US$ 3 milhões, fora assinado em dezembro do ano passado.
O responsável pela classificação da equipe para o Mundial-98 foi o alemão Otto Pfister, que deixou o time após a fraca campanha na Copa das Confederações, disputada na Arábia Saudita, no ano passado -a seleção foi desclassificada na primeira fase.
Parreira ficou sabendo da decisão da entidade na manhã de ontem em Melun Senart, cidade francesa onde está concentrado o time da Arábia Saudita.
Quando se dirigia à reunião com os dirigentes sauditas, Parreira disse que estaria pronto para ir embora se o demitissem.
A federação da Arábia Saudita pediu aos torcedores da equipe que "rezem a Deus para que suas aspirações possam ser alcançadas no futuro".
Antes do jogo com a França, o príncipe Faisal bin Fahad bin Abdulaziz, que é o presidente da federação saudita, dissera que o time venceria e se classificaria para a fase seguinte, como fez em 94.
Após o jogo, o técnico brasileiro criticou a pressão recebida para que o time passasse à segunda fase. "Os árabes deveriam ter vindo com o espírito de fazer o melhor possível, mas sem achar que iriam ganhar a Copa do Mundo", afirmou Parreira.
Durante a derrota para a equipe francesa, uma rede de televisão do país árabe chamou Parreira de "covarde" e "traidor".
Antes de assumir o comando o time, o técnico brasileiro era considerado, na Arábia Saudita, um "mago do futebol".
Além de decidir a demissão de Parreira, a federação saudita resolveu investigar as causas da fraca performance dos jogadores da seleção.
Um comitê formado por três membros será encarregado de supervisionar o time até o jogo da próxima quarta.
Diferença
Parreira sai da atual Copa de uma maneira bem diferente da que saiu da última, em 94, nos EUA, quando levou a seleção brasileira ao título da competição.
Sob muitas críticas, vindas especialmente da mídia brasileira, o técnico conquistou o Mundial-94 com um futebol que dividia opiniões. Enquanto alguns o qualificavam como "retranqueiro", outros o consideravam "eficiente".
Parreira, que tem mais prestígio fora do Brasil do que dentro, estava pela quarta vez comandando uma equipe em uma Copa do Mundo.
Além da Arábia Saudita e do Brasil, dirigira também o Kuwait, na Copa da Espanha, em 82, e os Emirados Árabes, na Copa da Itália, em 90.
Antes de assumir a equipe saudita, no ano passado, o brasileiro estava dirigindo o MetroStars, de Nova York, que acabou desclassificado na primeira fase da liga norte-americana.
O último clube que Parreira dirigiu no Brasil foi o São Paulo, em 96, onde ficou cem dias e deixou o time na 17ª posição do Campeonato Brasileiro daquele ano.

Texto Anterior: Quase tudo era previsto
Próximo Texto: Parreira cai após derrotas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.