São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998
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Pesquisa indica vitória de oposicionista

OTÁVIO DIAS
DO ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

Pela primeira vez nesta última semana de campanha eleitoral na Colômbia, o candidato oposicionista, Andrés Pastrana, 44, aparece com uma pequena vantagem numa pesquisa de intenção de voto, realizada pelo instituto Napoleón Franco e publicada ontem pelo jornal "El Tiempo".
Segundo a pesquisa, realizada entre 11 e 17 de junho, com um universo de 1.500 eleitores, Pastrana, do Partido Conservador, teria 42,6% das intenções de voto e Horacio Serpa, 54, do Partido Liberal (no governo), estaria com 41,9%.
A realidade é que ninguém sabe qual será o resultado das eleições presidenciais de hoje, pois outras pesquisas colocam Serpa um ponto percentual à frente de Pastrana, sempre dentro da margem de erro (entre 2% e 3%).
A decisão está nas mãos dos indecisos que, segundo a pesquisa publicada pelo "El Tiempo", chegam a 14%.
Dois fatores podem ter pesado a favor de Pastrana. A candidata independente Noemí Sanín, que recebeu cerca de 2,8 milhões de votos e ficou em terceiro lugar no primeiro turno, deu claros indícios de que votará no candidato oposicionista, apesar de ter se negado a tornar pública sua opção.
O segundo apoio, também indireto, a Pastrana, veio do principal grupo guerrilheiro do país, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que se reuniu em 8 de junho último com um dos principais assessores do candidato, Victor G. Ricardo.
Durante o encontro, as Farc responsabilizaram Horacio Serpa pelo fracasso de uma tentativa de paz, ocorrido em 92 e patrocinada pelo governo mexicano. Na época, Serpa era conselheiro do governo César Gaviria (90-94).
A acusação é no mínimo questionável, mas, numa campanha onde o tema da paz ocupou o centro das atenções, pode ter tido alguma influência.
Não é, entretanto, apenas o tema da paz que tem ocupado o topo da agenda eleitoral no país.
A crise econômica, evidenciada por um déficit público que supera os 5%, por um desemprego urbano que já ultrapassa os 14% e por uma inflação que pode ser duas vezes maior do que a meta inicial do governo, de aproximadamente 15% ao ano, é, para o cidadão colombiano, tão importante quanto.
"Precisamos de bem-estar", disse à Folha o engenheiro Fabio Esquivel, 30, na última terça-feira. "E bem-estar é a soma de paz e emprego", acrescentou.
Seja quem for o novo presidente da Colômbia ao final do dia de hoje, esses serão seus principais desafios: paz e emprego.
Os resultados finais só devem ser conhecidos amanhã, mas a partir das 20h de hoje em Bogotá (22h em Brasília) começarão a ser divulgados os resultados parciais da votação.

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