São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 1998
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Comparação é equivocada

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, cometeu um equívoco: comparou o preço mínimo de venda, por linha, da Telesp -maior telefônica do país-, com o valor, também por linha, obtido em Londrina, na venda de 45% do capital da telefônica municipal Sercomtel.
Especialistas ouvidos pela Folha foram unânimes em afirmar que uma telefônica não é avaliada em função do número de assinantes que possui no momento da venda. Pesa muito mais o número de assinantes que ela pode vir a ter.
Nesse aspecto, as duas empresas são incomparáveis. Dados oficiais da Telebrás mostram que existem 13,35 milhões de pessoas na fila de espera para a compra do telefone fixo comum em todo o país e que mais da metade desse total, 7,23 milhões, está no Estado de São Paulo. Só para o celular, a Telesp tem um cadastro de 2,9 milhões de interessados.
A Sercomtel vive uma outra realidade, sob todos os pontos de vista. Londrina tem 426 mil habitantes, e 80% das casas possuem telefone fixo. A empresa tem telefones na prateleira para atender os compradores e instala a linha no prazo de 24 horas. Vale dizer: o mercado da Sercomtel está saturado. Já a Telesp terá que duplicar sua rede para atender a demanda.
A avaliação de uma empresa pública para privatização é um trabalho complexo e segue uma metodologia chamada "fluxo de caixa descontado", que leva em consideração o crescimento do mercado, o tamanho do mercado que ainda não está atendido, o valor dos investimentos que terão de ser feitos, a existência ou não de competidores no mercado, a atualização tecnológica, passivos trabalhistas, entre outros.
Com base nesses dados, os avaliadores projetam o fluxo de caixa da empresa para um determinado período -em geral, de 15 a 20 anos- e chegam ao valor da companhia, do qual são deduzidas as dívidas.

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