São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 1998
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Desligamentos de servidores do PAS são superiores a adesões

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de servidores que se desvinculou do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) desde o começo do ano é cinco vezes maior do que os que aderiram ao plano.
Segundo levantamento feito pelo gabinete do vereador Carlos Neder (PT) sobre informações publicadas pelo "Diário Oficial" do Município, até ontem houve 650 desligamentos contra 118 adesões.
Pelo menos 260 deles são médicos, enfermeiros ou auxiliares de enfermagem.
Os números são contestados pela Secretaria Municipal da Saúde. Segundo a assessoria de imprensa da secretaria, para cada funcionário que se desliga do PAS há 15 outros pretendendo a vaga.
A secretaria não informou se para cada vaga que se abre é contratado outro funcionário.
Para a assessoria do vereador, esses dados podem estar relacionados às reclamações da população sobre o sistema, constatadas pela pesquisa Datafolha.
A falta de médicos é o segundo maior motivo para a reprovação da gestão Pitta, entre os entrevistados que reprovam a atuação do prefeito na área da saúde.
O abandono do sistema é o primeiro maior motivo, apresentado por 12% dos entrevistados. A falta de médicos é destacada por 8% deles, enquanto o mau atendimento foi citado por 7%.
A falta de remédios (3%), a falta de hospitais e postos de saúde (3%) e suas más condições (3%) são outras razões apontadas.
Segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal da Saúde, houve redução de 9% a 23,6% nos atendimentos em ambulatório, internações, partos e cirurgias nos primeiros quatro meses do ano, em comparação com os quatro primeiros meses do ano passado.
Os únicos procedimentos que não diminuíram foram os atendimentos de emergência.
Prefeitura x Estado
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo contesta as afirmações do prefeito Celso Pitta, que atribuiu o descontentamento da população com o sistema de saúde à sobrecarga no PAS, causada pela redução dos atendimentos na rede filantrópica e na estadual.
Segundo a secretaria, desde o início do ano o governo do Estado aumentou o número de leitos e os hospitais estão trabalhando "a plena capacidade".
A secretaria afirmou ainda que os hospitais do Estado não rejeitam pacientes, porque isso vai contra os princípios do SUS (Sistema Único de Saúde).
Em relação à suspensão nos repasses do SUS para o PAS, efetivada desde julho de 1996, a Secretaria da Saúde afirma que suspendeu os repasses porque as cooperativas que passaram a gerenciar os hospitais municipais não se credenciaram ao sistema.
A assessoria informou ainda que a secretaria solicitou à prefeitura que as cooperativas se credenciassem, o que não foi feito.
Em março, o Ministério Público enviou recomendação ao governo estadual para que os repasses não fossem retomados, já que sua validade será decidida na Justiça.

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