São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 1998
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Reajuste não afeta greve, diz comando

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comando nacional da greve dos professores de universidades federais disse ontem que a decisão do governo de conceder parte do reajuste de 28,8% aos servidores civis não vai enfraquecê-los.
"Não esvazia a greve porque, segundo ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e o governo, os professores estariam fora desse reajuste, mas nós continuamos dizendo que o governo nos deve esses 28%", disse Maria Cristina de Moraes, presidente da Andes (Associação Nacional dos Professores do Ensino Superior). Os professores estão em greve há 86 dias.
Segundo Solange Bretas, tesoureira da Andes, existe uma ação judicial pedindo que o reajuste dado aos militares em 93 seja estendido aos professores universitários. Em uma audiência sobre o assunto com a presença de ministros do STF, o governo alegou, segundo Solange, que os professores não teriam direito ao reajuste porque eles estariam entre os servidores públicos que já tiveram os 28,8% ou mesmo um valor maior.
"Na verdade, o que tivemos em 95 foi uma reestruturação da tabela, com valores variando de 27% a 32%, e não um reajuste linear como o dos militares", diz Solange.
Para Maria Cristina, a discussão sobre o reajuste não muda a posição em relação ao projeto de lei sobre gratificações diferenciadas para os professores, previsto para ser votado hoje na Câmara.
Pelo projeto, o reajuste para docentes na ativa ficaria entre 11,07% e 48,5%. Os inativos ganhariam 60% do que for concedido aos ativos. O comando nacional da greve pede que o projeto seja substituído por outro englobando todos os professores da ativa, aposentados e pensionistas, inclusive de 1º e 2º graus das instituições federais.
O comando quer também que haja paridade entre ativos, aposentados e pensionistas e não aceita que o pagamento dos ativos seja feito com base na produtividade.
"Estou ouvindo as pessoas e vou levar as reivindicações à reunião de líderes amanhã (hoje). Há disposição do governo de negociar. Tão logo seja feito um acordo, elaboro rapidamente um substitutivo", disse o deputado José Jorge (PFL-PE), relator da proposta.
Segundo Jorge, o projeto só não será votado hoje se não houver quórum. Para ser aprovado, são necessários 257 votos.
Hoje, dia de são João, é feriado na maior parte do Nordeste. "A votação é só às 18h. Os deputados do Nordeste podem brincar São João durante o dia e vir pular a fogueira à noite aqui", afirmou.

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