São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 1998
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PRIVATIZAÇÃO E POLÍTICA

Pesquisa do Datafolha mostrou que 52% dos paulistanos rejeitam, por margem confortável, a insinuação de Luiz Inácio Lula da Silva de que recursos da venda da Telebrás serviriam à campanha de Fernando Henrique. Maioria mais expressiva (68%), porém, considera incorreto vender a estatal em ano de eleições.
No conjunto, a pesquisa mostra que, se o assunto ganhar relevo no debate político, o governo pode ficar em posição desvantajosa.
A imagem da estatal, pelo menos em São Paulo, é melhor do que muitos supunham. Seus serviços são considerados ótimos ou bons por 57% dos paulistanos. Só 8% consideram que são ruins ou péssimos.
Apenas um terço da população avalia que o principal beneficiado com a privatização será o consumidor. Os demais se dividem entre os que supõem que as maiores vantagens serão do governo e os que as atribuem aos futuros compradores.
Trata-se, é claro, de um tema sobre o qual grande parte da população tem conhecimento técnico muito limitado. De cada sete entrevistados, um imagina que a Telebrás é privada e outro simplesmente não soube responder se ela é estatal ou não.
Mas essa é uma razão adicional para que o governo procure esclarecer o público sobre o acerto da privatização. Afinal, seria ingenuidade supor que a desestatização da maior empresa já vendida no país, a poucos meses das eleições, seria ignorada pelo debate político.
Nesse sentido, as diretrizes do governo ainda não alcançaram nem os que apóiam a privatização e pretendem votar em Fernando Henrique.
Dos eleitores de FHC, só 28% defendem o uso dos recursos da venda para reduzir dívida pública, como quer o Executivo. Um em cada cinco, dos que se declararam por FHC, afirmou que "mudaria seu voto com certeza" caso o presidente apoiasse a privatização. São afirmações contraditórias. Mas indicam, de todo modo, que o governo se comunica mal e está perdendo a batalha de opinião.

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