São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
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Cardeal não consegue isolar progressistas

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de ser um expoente do clero conservador, nos três anos e dois meses em que esteve à frente da CNBB, d. Lucas Moreira Neves não conseguiu tirar o controle da entidade das mãos dos progressistas, que defendem o envolvimento da igreja nas lutas sociais.
A eleição de d. Jayme Chemello, ontem, para substituir d. Lucas, marca a volta dos progressistas ao cargo máximo da CNBB. Ele será presidente até abril do próximo ano, quando acontecerão as eleições da entidade.
Em 1995, d. Jayme e d. Lucas se enfrentaram nas urnas durante a Assembléia Geral da CNBB, em Itaici (SP). Pela primeira vez em 24 anos, foi eleito um presidente ligado ao "clero conservador". Após a derrota, os progressistas se articularam e conseguiram eleger d. Jayme para a vice-presidência.
Mas a conquista da vice-presidência não foi a vitória mais importante dos progressistas na disputa pelo poder na CNBB. A eleição que manteve o grupo à frente das decisões mais importantes da entidade aconteceu na CEP (Comissão Episcopal de Pastoral).
A CEP é um colegiado de nove membros cujas decisões devem ser acatadas pelo presidente da CNBB. Dos 9 bispos da CEP, 6 são ligados aos progressistas. Entre os cargos da CEP, um tem importância estratégica na "política externa" da entidade, a Pastoral Social.
Ela é dirigida pelo bispo de Jales (SP), d. Demétrio Valentini. Por ter sido eleito pela Assembléia Geral (órgão máximo da CNBB), ele mantém razoável independência em relação à presidência.
No controle da Pastoral Social, os progressistas mantiveram a linha de crítica cerrada ao governo, que caracterizou a CNBB desde o regime militar. Assim, d. Lucas priorizou em suas declarações questões morais, como o sexo na TV e a condenação do uso de camisinhas.

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