São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998 |
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Serra pede que Receita investigue Schering
SIMONE CAVALCANTI
Serra disse não acreditar que lotes do produto tenham sido roubados do laboratório. "Isso me parece pouco convincente. Acho que esse descontrole pode estar associado à sonegação tributária e à execução de caixa dois." Segundo o ministro, a empresa tem mostrado uma preocupação financeira e de mercado, dando orientações, por meio de uma nota, para que as mulheres não interrompam o consumo do produto. "Essa nota me pareceu extremamente inadequada, para não dizer desonesta", afirmou Serra. A empresa havia produzido pílulas de farinha para testar nova máquina de embalagem e alega que esses produtos, que deveriam ter sido enviados para incineração, foram roubados. "Eu duvido que nos Estados Unidos ou na Alemanha o laboratório tivesse cometido atos de negligência como cometeu aqui." Para Serra, os donos de todos os laboratórios têm de saber que não há, na escala internacional, países de primeira e segunda classe. "Se fosse assim, nos de primeira classe é tudo feito direitinho. Já nos de segunda classe, se comete atos de negligência, como o que aconteceu agora no Brasil." Segundo Serra, a intervenção no laboratório por cinco dias úteis, que deve começar hoje, é o começo das ações punitivas nessa área. Todas as linhas de distribuição estão sendo verificadas para ver se há outras irregularidades. Caso haja problemas, o Ministério da Saúde poderá pedir a cassação da licença de funcionamento. Além disso, ontem foi aprovado na Câmara -e passa agora pelo Senado- projeto de lei que permite punição de toda a cadeia de produção, distribuição e comercialização de remédios adulterados. O projeto prevê pena os proprietários. No caso de procedimento doloso (fraude) as condenações são de 10 a 15 anos. Se houver morte em razão do produto falsificado, pena varia de 20 a 30 anos. Todos os casos serão inafiançáveis. Testemunha O ministro se comprometeu a servir de testemunha de mulheres que queiram abrir processo contra a Schering. Segundo ele, as que se sentiram prejudicadas por ter sofrido essa "violência" com o uso do remédio falso devem processar o laboratório e pedir indenização. Texto Anterior: Mackenzie e Fatec aplicam exames Próximo Texto: Empresa produziu 2.000 kg de pílula falsa Índice |
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