São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
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Montpellier vê obra de Cage e Cunningham

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Além de jogos de futebol, a cidade francesa de Montpellier também está sediando um dos mais importantes eventos de dança da Europa. Inaugurado na última segunda-feira, o Montpellier Danse 98 proporciona até 5 de julho uma programação que inclui gênios como Merce Cunningham e novos talentos como a brasileira Marcia Barcellos.
Há 18 anos em atividade, o festival internacional de dança de Montpellier apresenta hoje uma das atrações mais festejadas da programação de 1998. "Ocean", espetáculo que representa o último projeto entre o coreógrafo norte-americano Merce Cunningham e o compositor John Cage (1912-1992), será encenado na maior sala de espetáculos da cidade, Le Zénith, com capacidade para 6.000 pessoas.
Seguindo a concepção de Cage, a coreografia de "Ocean" é apresentada num palco circular, com o público em volta. Para fazer com que a música surja de múltiplas direções, como acontece com os sons produzidos pelos oceanos, a trilha sonora é executada por uma orquestra de 112 instrumentistas, sem maestro, que fica disposta ao redor da platéia.
Programado para estrear em 1991 num festival em Zurique (Suíça), "Ocean" acabou cancelado temporariamente. Primeiro porque não havia locais adequados, depois por causa da morte de Cage.
A obra estreou finalmente em Bruxelas em 1994, quando também houve tentativas, sem sucesso, de trazê-la ao Brasil. Sua apresentação, hoje à noite, contará com a participação da Orquestra Filarmônica de Montpellier Languedoc-Roussillon.
Por causa do festival de dança e da Copa do Mundo, a pequena cidade de Montpellier, com 300 mil habitantes, está vivendo um momento de grande agitação. Pela primeira vez, essa cidade situada às margens do Mediterrâneo compartilha com o futebol sua intensa programação cultural.
Ontem, a estrela do festival foi a paulistana Marcia Barcellos, que vive há quase 20 anos na França, onde é considerada um expressão da nova dança francesa.
Ainda inédito no Brasil, o trabalho de Marcia estreará no país em setembro, quando o Castafiore, grupo que ela dirige em parceria com o compositor Karl Biscuit, realizará sua primeira turnê brasileira.
Em vez de "Anthrop (Modulo 1)", espetáculo mostrado em Montpellier, o grupo trará o maior sucesso de sua carreira: "Almanach Bruitax", que tem superlotado teatros na França.
Outra atração do Montpellier Danse 98 é Mathilde Monnier, coreógrafa francesa que viveu em Marrocos e que hoje dirige o Centro Coreográfico de Montpellier.
Amanhã, o grupo de Monnier apresenta as coreografias "Les Non Lieux" e "Bruit Blanc".
A programação de 22 espetáculos do festival só será interrompida na segunda-feira, para dar lugar ao jogo entre as seleções da Alemanha e do México.

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