São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'EUA retiram apoio aos direitos humanos'

NATHAN GARDELS
DO "EL PAIS", EM NOVA YORK

Wei Jingsheng, o prisioneiro político mais famoso da China, foi expulso de seu país em novembro do ano passado e, desde então, vive em Nova York, onde concedeu esta entrevista ao jornal espanhol "El Pais".
*
Pergunta - Em outros tempos, os Estados Unidos foram os grandes defensores dos direitos humanos na China. Agora, o presidente Bill Clinton vai até a praça Tiananmen. Qual o significado dessa visita?
Wei Jingsheng - Os Estados Unidos estão encabeçando uma retirada total do Ocidente da causa dos direitos humanos na China. A decisão de Clinton de ir a Pequim neste momento é um sinal claro de que ele está mais interessado em apoiar a autocracia do que o movimento democrático no país.
Pergunta - Quando o senhor saiu do cárcere, outro importante dissidente chinês, Liu Binyan, escreveu que o senhor estava sozinho, pois a tentação por prosperidade tinha feito com que o povo chinês ficasse indiferente a sua causa.
Wei - Liu só descreve a situação pela metade. A população dedica sua energia para ganhar e gastar dinheiro, mas isso não quer dizer que os direitos humanos não preocupem. O ativismo e os debates deixaram de ser coisa de estudantes e dissidentes. Atualmente envolvem membros do mundo acadêmico e até funcionários do próprio Partido Comunista.
Pergunta - É uma ilusão por parte do Ocidente crer que a "linha dura" não possa sobreviver?
Wei - Tudo o que podemos dizer é que, hoje em dia, o Partido Comunista não pode conter o peso das forças que lutam por mais liberdade.

Tradução de Mariana Sgarioni

Texto Anterior: EUA monta 'invasão civil' do país
Próximo Texto: A visita do presidente norte-americano à China
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.