São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998
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Brasileiro dominava entre estrangeiros

DE TÓQUIO

Nos últimos sete anos os brasileiros controlaram quase que totalmente os empregos formais oferecidos pela indústria japonesa a estrangeiros.
Essa hegemonia se mantém, mas a crise asiática iniciada em julho do ano passado colocou dentro do Japão milhares de chineses, filipinos e tailandeses que, aos poucos, ocupam espaços no mercado de trabalho antes dominados por brasileiros.
Pelo menos duas montadoras japonesas que demitiram brasileiros recentemente trouxeram dezenas de chineses para ocupar as mesmas funções.
Legalmente, somente estrangeiros descendentes de primeira e de segunda gerações podem trabalhar em serviços não especializados no Japão.
Os asiáticos, no entanto, são trazidos como estagiários. Na prática não trabalham, mas aprendem, ganhando somente uma ajuda de custo -50% do valor dos salários pagos aos brasileiros que trabalham no país.
Os chineses formam a segunda maior comunidade estrangeira no Japão. A primeira é a coreana.
Os brasileiros são a terceira população de estrangeiros e, assim como os peruanos, os que vivem no Japão são descendentes de japoneses e por essa razão podem ser contratados legalmente. Grande parte dos chineses e coreanos trabalha ilegalmente.
Salários baixos
Os chineses são os que mais têm recebido ofertas das indústrias do Japão.
Além de aceitarem salários mais baixos, oferecem a vantagem de ler os caracteres chineses -kanji, alfabeto baseado em ideogramas- que formam parte da língua escrita dos japoneses.
Levantamento feito pela Folha revela que, em 11 meses, a crise econômica no Sudeste Asiático já tirou o emprego de pelo menos 22 milhões de trabalhadores japoneses, chineses, indonésios, sul-coreanos, filipinos, tailandeses e malaios.
Apesar da recessão japonesa, a segunda maior economia do mundo ainda oferece atrativos a esse exército de desempregados.

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