São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998
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Não houve injustiça, apenas decepções

TELÊ SANTANA

Com o fim da primeira fase da Copa do Mundo, é o momento de as pessoas indagarem se houve ou não justiça na definição das 16 seleções que seguem adiante.
Eu considerei justa a permanência de todos os 16 classificados. Não houve injustiças, só algumas decepções.
Algumas equipes mostraram um futebol muito bom. A Nigéria, que eu sempre esperei que seria a grande esperança da África, confirmou o prognóstico. Pode-se lembrar de Marrocos ou Camarões, mas entre os africanos foi a Nigéria quem mais bem se apresentou, com jogadores de nível, que jogam na Europa. Por isso eu acho que os nigerianos podem surpreender ainda mais, se não forem irresponsáveis.
Quem me decepcionou muito foi a Espanha. Eu contava com a Espanha indo adiante na Copa. O problema, como mencionei em outra oportunidade, é que eles têm muitos estrangeiros no Campeonato Espanhol. E a maioria deles atuando como atacantes, porque os de lá são muito fracos. A seleção, numa Copa do Mundo, acaba sentindo a ausência de definidores. A Bulgária conta com dois ou três bons jogadores. Um é excelente, o Stoichkov, mas os demais são apenas medianos. Não fiquei surpreso com a saída deles. E a Colômbia, mais uma vez, mostrou que possui bons valores, mas incapazes de suportar o peso de uma Copa.
Quem pode ser campeão? Não sei. As seleções que vão dar trabalho são a Holanda e a Argentina.
Os holandeses estão mostrando nesta Copa que seu time é mesmo acima da média, se apresenta bem e está jogando para fazer gols. É bonito. A Argentina é um time que, além de ter um bom conjunto, conhece bastante o futebol de seus possíveis adversários. É um time que respeita o esquema tático de seu técnico, Daniel Passarela, e tem alguns valores respeitáveis, como Batistuta, Ortega e o Verón, ótimo jogador na posição dele. Eu vejo possibilidades para a Itália e a França, duas boas seleções, com posicionamento correto em campo. A França tem o reforço de estar jogando em casa e nunca ter ganho uma Copa.
A Alemanha, mesmo com um elenco envelhecido, tem condições de se apresentar muito bem a partir de agora.
O Paraguai e o México não deixam de causar certa surpresa, principalmente para quem acompanha com menos interesse o futebol deles. O que Paraguai e México mostraram de muito forte foi algo que faltou para o time brasileiro: raça. Acho muito difícil que os dois times avancem além da próxima partida. Merecem os parabéns pelo que apresentaram.
A Copa não teve nenhuma grande revelação. Dos jogadores, gostei muito do camisa 10 da França, o Zidane. Há o Hagi, da Romênia, que apesar de veterano continua exibindo qualidades. Quem ficou devendo foi o Ronaldinho, que não mostrou porque é tido como o melhor do mundo.
Esta Copa, em termos de esquema tático, não apresentou nenhuma novidade, como era de se esperar. Daqui para frente, o que vai prevalecer no futebol é o esquema 4-5-1 (quatro defensores, cinco no meio-campo e um atacante). O exemplo maior é a seleção da Noruega, que deixa o Tore Andre Flo adiantado na frente, esperando alguma boa lançada ou a tabela com alguém que venha de trás.
O fato lamentável são as arruaças provocadas por alguns vândalos que, em vez de torcer por seus países, preferem ir aos estádios para brigar, ofender rivais e fazer outros atos que envergonham aqueles que gostam de futebol.

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