São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998
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Dunga reabilita os gritos para acordar Ronaldinho

DA REPORTAGEM LOCAL; DOS ENVIADOS A PARIS

Ontem, o principal alvo dos gritos de Dunga foi o atacante Ronaldinho
O volante Dunga, considerado pelo técnico Zagallo sua voz dentro de campo, voltou ao seu estilo habitual de exercer a condição, orientando os companheiros aos berros, e o Brasil voltou a ganhar.
Ontem, o time passou às quartas-de-final da Copa da França ao bater o Chile por 4 a 1.
Na partida, o alvo principal dos gritos foi o atacante Ronaldinho.
Dunga orientou o posicionamento do atacante sempre que o jogo foi interrompido por falta.
Por volta dos 23min, gritou com o goleiro Taffarel, questionando de suas reposições de bola.
Pouco depois, reclamou, em voz alta, na direção do técnico Zagallo, o que faria ainda duas outras vezes antes do final do primeiro tempo.
Aos 27min, na comemoração do segundo gol, de César Sampaio, o meia deixou de lado os abraços, optando por reclamar da posição de Ronaldinho durante o lance.
O atacante novamente não se entendeu com o meia Rivaldo. Os dois poucas vezes participaram juntos de um lance.
Quando a seleção chegou ao terceiro gol, nos descontos da primeira etapa, Dunga, em vez de comemorar com o autor Ronaldinho, foi até Cafu para passar instruções.
Os chamados acordaram o atacante na segunda etapa, que teve um desempenho apagado nos 45 minutos iniciais. Além de marcar o quarto gol, Ronaldinho chutou duas bolas na trave.
Mesmo assim, Dunga não se mostrava contente.
Logo após o gol de Marcelo Salas, para o Chile, o capitão não perdoou a falha do goleiro Taffarel. Gesticulou e gritou muito com o goleiro brasileiro.
O "silêncio" de Dunga, que tomou proporções ampliadas após o time perder para a Noruega (1 a 2), começou na vitória sobre Marrocos, quando discutiu rispidamente com Bebeto, chegando a dar uma cabeçada no atacante.
Muito criticado, ele optou por silenciar no jogo seguinte, contra o time escandinavo.
A derrota para a Noruega, aliás, quebrou uma sequência de 16 vitórias consecutivas do meia pela seleção, já que não enfrentou a Argentina, na derrota no Maracanã (0 a 1), e o Athletic Bilbao, empate em 1 a 1, no penúltimo amistoso antes da Copa.
O atleta, que defende a seleção brasileira desde 1983, tem uma marca expressiva nesses quase 15 anos. Ontem, em seu 106º jogo pela seleção brasileira, chegou à 74ª vitória. Perdeu oito vezes.
A partida contra o Chile foi a 15ª do meia em Copas do Mundo. Se jogar as quartas-de-final, igualará o recorde de Jairzinho com mais jogos pelo Brasil em Copas, ao lado do goleiro Taffarel.
Além disso, pode ser o único capitão brasileiro a erguer duas vezes a taça de campeão mundial.
"Ele é minha extensão dentro de campo", resumiu o técnico Mario Zagallo durante a Copa Ouro, a qual o meia não disputou, em fevereiro passado.

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