São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998 |
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Sem-ingresso fazem protesto
RODRIGO AMARAL
No que já está se tornando rotina, 1.200 torcedores brasileiros ficaram ontem sem ingressos para o jogo entre Brasil e Chile. Entre eles estava até um tricampeão mundial, o ex-jogador Dario, o Dadá Maravilha, que participou da equipe que venceu a Copa do México, em 1970. "Também sou um sem-terra", afirmou. Dario foi a Paris como convidado de uma rede de hotéis, que havia comprado os ingressos para os jogos do "pool" formado por duas operadoras de turismo de São Paulo e uma do Rio. A maioria absoluta dos prejudicados, porém, é formada por torcedores que pagaram entre US$ 7.000 e US$ 15.000 para assistir aos jogos da Copa, com passagens e hospedagens incluídas. Revoltados, fizeram um barulhento protesto em frente ao Hotel Regence Opéra, no centro de Paris, onde as três empresas instalaram seus escritórios. A polícia teve de bloquear a entrada do estabelecimento para evitar uma invasão. Os proprietários das três agências divulgaram uma nota se eximindo da culpa. Eles afirmaram ter adquirido o número de bilhetes necessário da SBTR, agência da CBF, que não lhes teria entregado a quantidade acertada. O diretor da SBTR Valter Abraão disse que os bilhetes não foram pagos adiantados e as agências estavam cientes de que havia riscos. "Dependemos da cota definida pelo CFO (comitê organizador), e para esse jogo só recebemos 1.400, que mal deram para atender a operadora oficial", disse Abraão à Folha. A operadora oficial, no Brasil, é a Stella Barros Turismo. Na segunda, Abraão vai se reunir com diretores das três agências (Cetemar, Imperial e Oremar), mas não há nenhuma garantia de que os torcedores possam receber ingressos para as próximas fases. A solução inicial apresentada pelas agências só aumentou a revolta dos torcedores. A proposta foi de que comprassem ingressos de cambistas, recebendo, em julho, um ressarcimento de US$ 300. Por volta das 12h, chegou ao local o delegado da Polícia Federal Sérgio Menezes, que faz a ligação da PF com a polícia francesa. Nenhuma solução foi encontrada. O máximo que foi oferecido aos torcedores foi a possibilidade de um ônibus levasse os brasileiros para as proximidades do estádio Parc des Princes, onde veriam a partida por um telão. Às 16h, os três proprietários das agências deixaram o local dentro de um camburão e foram prestar esclarecimentos à polícia francesa. "Uh, vai morrer", gritaram os torcedores brasileiros em coro. "Quis fazer tudo oficial e me dei mal. Isso está virando um pesadelo", lamentou o empresário Antônio Vicente Estorino, 46. Texto Anterior: Zamorano alega falta de concentração dos chilenos Próximo Texto: "Próximo degrau" da torcida brasileira é Nantes Índice |
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