São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 1998
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Seca no Texas valoriza algodão no Brasil

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A previsão de quebra da safra do Texas, maior Estado produtor de algodão dos EUA, provocou alta dos preços na Bolsa de Nova York e elevou também as cotações do produto no mercado brasileiro.
Na semana passada, o algodão chegou a ter sua cotação para outubro em US$ 0,7835 por libra-peso na Bolsa de Nova York, o que representa uma alta de 4,7% na semana e de 15,6% em seis meses.
O principal fator que provocou essa alta foi a seca que atingiu a região algodoeira do Texas.
A alta dos preços do algodão do tipo fino (branco, com poucas impurezas e com fibras mais longas) se refletiu no mercado brasileiro.
Em abril último, o algodão do tipo fino estava sendo comercializado no Estado de São Paulo a US$ 0,6207 por libra-peso. Na semana passada, foi para US$ 0,6851, o que representa um aumento de 10,3%.
"O preço do algodão está se recuperando em consequência da alta da Bolsa de Nova York", afirma Sérgio De Zen, 31, pesquisador da área de algodão do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, de Piracicaba (SP).
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os contratos com vencimento no mês que vem estão sendo negociados a US$ 0,7450 por libra-peso, enquanto os contratos com vencimento em dezembro estão projetando US$ 0,7545, o que significa uma alta de 1,28%.
"Essa alta no mercado gera ânimo. O que estimula a produção é o preço", diz José Saul Martus, gerente de fomento do grupo Maeda, que deverá produzir nesta safra 54 mil t de algodão em pluma, sendo 40% do tipo fino.
O grupo Maeda, maior produtor de algodão do país, planta 26 mil ha e compra também a safra de outros produtores (mais 60 mil ha).
Mato Grosso
Diante desse cenário, o algodão que está sendo colhido em Mato Grosso, Estado que não teve problemas com doenças e com o clima, tende a ser beneficiado com a alta de preços no mercado externo.
O Estado é o único que está produzindo o algodão do tipo fino.
Este ano, Paraná, São Paulo e Minas tiveram suas colheitas de algodão comprometidas por problemas climáticos. A safra de Goiás foi prejudicada por uma virose.
Houve uma quebra de safra na Argentina, que previa colher 500 mil t, mas não deve ultrapassar 300 mil t, segundo Andrew McDonald, presidente da Abralg (Associação Brasileira do Algodão).
Para McDonald, a safra brasileira deve fechar entre 380 mil t e 400 mil t, com crescimento entre 25% e 30% em relação à safra passada.
Mesmo assim, o país deverá importar cerca de 300 mil t de algodão, o que deve custar cerca de US$ 500 milhões.

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