São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 1998
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Acordo pode atrasar venda da Ceterp

LUCIANA FINAZZI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Acordo firmado pelo ex-prefeito de Ribeirão Preto Antônio Palocci Filho (PT) e os fundos de pensão Telos, Previ e Sistel para a compra da Ceterp S/A (Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto) pode gerar uma batalha judicial e atrasar o leilão de privatização da empresa, marcado para o dia 24 de julho.
A avaliação é de advogados consultados ontem pela Folha.
O acordo, que assegura às fundações a preferência para adquirir o restante das ações da telefônica, foi firmado em setembro de 96, depois da venda de 46% dos papéis da empresa aos três fundos. A prefeitura detém hoje 51% das ações com direito a voto (ordinárias).
Ontem, o prefeito de Ribeirão Preto, Luiz Roberto Jábali (PSDB), se reuniu em São Paulo com o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e representantes dos fundos de pensão para negociar o rompimento do acordo feito pelo ex-prefeito.
Até as 19h de ontem, a reunião ainda não havia acabado.
Os petistas dizem que o acordo não tem validade, já que o Tribunal de Contas do Estado não emitiu parecer sobre o documento.
O ex-prefeito não foi localizado ontem pela Folha. De acordo com o ex-secretário do Governo na gestão de Palocci, Newton Mendes Garcia, o contrato não é válido.
"O documento somente seria válido se houvesse aprovação do TCE. Como não houve, o acordo não tem valor jurídico", disse.
Para o presidente da Ceterp S/A, Ruy Salgado Ribeiro, o acordo tem falhas jurídicas, mas o seu teor deve ser discutido antes da realização do leilão para evitar prejuízos na venda da empresa.
O advogado especialista em direito administrativo Toshio Mukai prevê uma batalha jurídica devido ao acordo firmado em 96 pelo PT.
"O acordo é ilegal, mas os fundos de pensão podem entrar na Justiça reivindicando a validade do documento. Isso pode até atrasar o leilão", disse Mukai.
O advogado Rogério Gandra afirma que os fundos de pensão podem reivindicar o teor do contrato, pois o TCE decidiu não emitir parecer sobre o assunto.
"O processo pode estar viciado, já que, pelo contrato, é necessária a emissão do parecer do TCE, que se recusou a concedê-lo", disse.
O advogado especialista em direito administrativo Márcio Cammarosano também afirmou que o acordo pode gerar uma batalha judicial e suspender o leilão da telefônica por meio de uma liminar.
"Em tese, é evidente que os fundos de pensão podem se sentir prejudicados e entrar na Justiça contra a realização do leilão, podendo até culminar na suspensão da privatização por meio de uma liminar", disse Cammarosano.
A venda das ações da Ceterp em 96 está sendo investigada em inquérito civil instaurado pelo Ministério Público de Ribeirão Preto.

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