São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 1998
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CRM vai apurar morte de cinco bebês

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

O CRM (Conselho Regional de Medicina) de São Paulo vai apurar a causa da morte de cinco dos seis bebês que estavam na UTI neonatal do Hospital Maternidade Municipal de Guarulhos (Grande SP) no último final de semana.
Outros três, que nasceram pesando 550 g, 730 g e 830 g, teriam morrido por "prematuridade extrema". O quarto bebê, que nasceu em parto domiciliar no sexto mês de gestação, foi internado no último dia 18 pesando 1.250 g. Ele sofreu infecção generalizada.
Segundo o diretor clínico, o fato de ele ter nascido em casa e de ser prematuro são fatores que facilitam a infecção.
"Mas não podemos afirmar nem negar que esses quatro recém-nascidos tenham sido vítimas de uma infecção hospitalar. Se eles estivessem em outro hospital, talvez tivessem sobrevivido."
Isso porque o hospital não tem um laboratório que permita a realização de exames de rotina de culturas (que detectam que tipos de bactéria crescem e frequentam o ambiente hospitalar).
O único recém-nascido que continua na UTI neonatal também está com infecção generalizada. O bebê nasceu no último dia 27, em parto prematuro e domiciliar, pesando 1.610 g. Seu estado é grave.
Segundo Elizabeth Gattermayer, diretora administrativa do hospital, o alto índice de mortalidade em uma UTI neonatal não é anormal. "Recebemos uma demanda de altíssimo risco. Além disso, o nível social dos nossos pacientes é muito baixo e as condições das crianças são ruins", afirma.
A Secretaria Municipal de Guarulhos informou, em nota oficial, que três dos bebês morreram por causa de seu baixo peso -dois deles sendo gêmeos. A quarta criança, segundo a secretaria, teria morrido de infecção causada por um prolapso de cordão umbilical (problema que dificulta a oxigenação do bebê) e não por meningite, como disse o diretor clínico. O quinto bebê teria morrido com infecção após um parto domiciliar.
A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo estuda transferir o atendimento da UTI neonatal do hospital para algum hospital estadual em São Paulo. Assim, a UTI seria fechada até que estivesse em condições de receber novos bebês.

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