São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 1998
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Delegado pede prisão preventiva de PM

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado Alfredo Antonio Grimaldi, titular da delegacia de Francisco Morato (Grande São Paulo) e responsável pelas investigações da chacina que deixou 12 pessoas mortas na madrugada do último dia 17, pediu ontem a decretação da prisão preventiva de dois policiais militares.
Os dois soldados -Alexandre Gomes e Antonio Acyr Camargo, que já estão presos temporariamente no presídio militar Romão Gomes- foram reconhecidos por duas testemunhas como os autores do assassinato de Marcos Antônio Andrade, em fevereiro.
Andrade era namorado de Evelyn Aparecida Abrahão Zenan, uma das 12 pessoas mortas no massacre ocorrido no interior do bar Ponto de Encontro. Evelyn era a principal testemunha do assassinato do namorado, o que leva a polícia a crer que a chacina tenha sido uma queima de arquivo.
Segundo depoimento da testemunha-chave da chacina, Sandroval Marques, que está foragido, um dos atiradores seria uma pessoa branca, alta, magra e de olhos verdes. De acordo com a corregedoria, a descrição bate com as características de Gomes e Camargo.
Para piorar a situação dos soldados, que até a semana passada se recusavam a dar entrevistas, durante as buscas realizadas pelos policiais do serviço reservado da PM na casa dos dois, foram encontradas três armas: dois revólveres e um pistola 380, o mesmo de um dos quatro tipos diferentes de calibres usados no massacre.
A pistola e as armas da corporação apreendidas com os soldados foram enviadas para o IC (Instituto de Criminalística). Foram pedidos exames de balística do caso de Andrade e da chacina. Pelo menos outros três PMs estão sendo investigados pela corregedoria.
As duas testemunhas que reconheceram os PMs, de acordo com o promotor Adalberto Denser de Sá Júnior, que está acompanhando o caso, estão sofrendo ameaças de morte anônimas. Até ontem à noite, elas estavam sem escolta.
Grimaldi declarou que já requisitou os depoimentos dos policiais e das testemunhas à Corregedoria da PM. "Depois disso, vou interrogá-los. Já há elementos suficientes para pedir a prisão preventiva dos dois (no caso do assassinato de Andrade)." O delegado enviou o pedido da prisão preventiva dois dois no final da tarde de ontem. A Justiça de Francisco Morato se posiciona hoje sobre o assunto.
O delegado disse que, inicialmente, irá interrogar Gomes e Acyr a respeito da morte de Andrade. No entanto, ele vai aproveitar a oportunidade para ouvi-los no inquérito da chacina. Para a PM, a participação dos soldados no crime de fevereiro está quase fechada. O que se procura agora é o elo de ligação com a chacina.

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