São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 1998
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Quatro farmácias ameaçam processar laboratório

Eles se sentem prejudicados pela repercussão

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os donos de quatro farmácias que venderam Microvlar às mulheres que engravidaram na região do ABCD afirmam ter comprado os remédios de distribuidores autorizados pela Schering e ameaçam processar o laboratório caso sejam prejudicados pela má repercussão do caso.
Para eles, a versão apresentada pela empresa -de que a mercadoria falsa teria sido furtada do laboratório e vendida ilegalmente- incrimina as farmácias, colocadas sob suspeita de ter adquirido mercadoria roubada.
Segundo os donos, duas das quatro drogarias estariam enfrentando queda nas vendas, além da desconfiança dos clientes. "Se minhas vendas caírem, terão de me ressarcir", diz Adilson Aparecido Bernardes, dono da Drogaria Nossa Senhora de Lourdes, de Mauá.
Os donos das drogarias conversaram e decidiram esperar novas declarações do laboratório para decidir o que fazer.
Eles afirmaram já ter conversado com advogados e estudam uma forma de pedir ressarcimento pelos possíveis prejuízos.
Ontem, os donos das drogarias apresentaram à Folha notas fiscais de compra de distribuidores autorizados onde constam entregas de janeiro a junho.
O dono da Drogaria Camila, de Mauá, de Herivelto Mestriner, e da Droga Andri, de Ribeirão Pires, de Valmir Francisco, apresentaram notas de compra de janeiro a março e do mês de junho, dos distribuidores Farmed, Audifar, Martins e K+F.
Outros donos de farmácia, como Jair de Oliveira, da Jair Farma, de Mauá, que teria vendido a pílula a Maria Aparecida Gonçalves, e Bernardes, da Nossa Senhora de Lourdes, só tinham notas de junho. As notas de Oliveira são do distribuidor Panarello.
Ontem, a reportagem entrou em contato com quatro desses distribuidores. Panarello, Audifarma e Farmed afirmaram que só compram os produtos Schering da própria indústria, e que têm um controle rigoroso do recebimento e da distribuição.
O distribuidor Martins deve se pronunciar hoje, e a Folha não conseguiu contato com o K+F.
"Eu tenho a farmácia há 33 anos e nunca tive problemas. Sempre comprei dos mesmos laboratórios", diz o dono da Jair Farma, onde Maria Aparecida Gonçalves teria comprado.
Além dele, Francisco, da Droga Andri, onde Valquíria Carvalho comprou o remédio, também diz que as vendas caíram.
Eles e Mestriner, da Drogaria Camila, de Mauá, que vendeu a pílula a Maria Seila Gonçalves, dizem sofrer gozações e a desconfiança dos clientes.
"Alguns ligam para cá e perguntam se é da padaria", diz Mestriner. "Até para comprar um Doril, eles perguntam se é verdadeiro ou falso", diz Francisco.

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