São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 1998
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Receita vai investigar contas da Schering

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, confirmou ontem que será feita uma investigação fiscal no laboratório Schering do Brasil, que produz o anticoncepcional Microvlar.
A empresa havia produzido pílulas de farinha para testar nova máquina de embalagem e alega que houve extravio desses produtos, que deveriam ter sido enviados para incineração.
Pelo menos cinco mulheres afirmam ter engravidado enquanto tomavam a Microvlar.
Everardo Maciel disse que recebeu uma solicitação formal da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde para fazer uma fiscalização no laboratório.
Ele informou que a solicitação foi reforçada por um pedido pessoal do ministro da Saúde, José Serra. Mas o secretário não quis informar quando começa e nem qual será o prazo da investigação que a Receita fará na empresa.
Acusações
Na quinta-feira passada, Serra havia afirmado que o episódio poderia estar ligado a "sonegação tributária e caixa dois". O secretário da Receita Federal não quis fazer nenhum comentário sobre essa acusação.
Serra fez essa afirmação por não acreditar que lotes do produto tenham sido roubados, como alega a empresa. Ele classificou o argumento de "pouco convincente".
O laboratório afirma que só ficou sabendo do extravio das pílulas de farinha depois de receber denúncias de consumidoras grávidas.
A empresa admitiu, na semana passada, ter feito duas toneladas de pílulas de farinha para o teste. Parte delas foi para o mercado como anticoncepcional.
Por decisão do ministro da Saúde, anunciada na quinta-feira passada, o laboratório foi interditado por cinco dias.
Desde a última sexta-feira, técnicos da Vigilância Sanitária já estão fazendo inspeção no sistema de produção e descarte de todos os produtos da empresa.
O ministro da Saúde acredita que poderá haver outros problemas e não descarta a possibilidade de fechamento da empresa.
O resultado do trabalho de fiscalização só deverá ser divulgado após a próxima quinta-feira, quando termina o prazo da interdição, segundo informou a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde.
Serra se comprometeu a servir de testemunha de mulheres que manifestarem interesse em abrir processo contra o laboratório Schering do Brasil.
Segundo Serra, as mulheres que se sentirem prejudicadas por terem sofrido essa "violência" com a utilização do remédio falso devem processar a empresa e pedir indenização.

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