São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 1998 |
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Jogo limpo só em campo
HUMBERTO SACCOMANDI; RODRIGO BERTOLOTTO
enfrentam vexame provocado pelas torcidas As seleções de Argentina e Inglaterra entram em campo hoje como as equipes que mais praticaram o fair play (em português, jogo limpo), com, respectivamente, quatro e três cartões amarelos. Mas os torcedores violentos dos dois lados (hooligans pelos ingleses e barrabravas pelos argentinos) parecem querer sujar a imagem que os times deixaram. Durante toda a noite de ontem, hooligans promoveram brigas na praça Jean Jarrés, no centro de Saint-Étienne, local da partida. Seus rivais eram garotos da cidade irritados com os cânticos e provocações. Já torcedores argentinos tomavam banho em uma fonte. Mesmo com o policiamento ostensivo de 1.500 agentes, mais arruaças são esperadas para hoje, quando, segundo a polícia, estarão em Saint-Étienne cerca de 500 hooligans e mais 200 barrabravas. Os dois grupos estão desfalcados. Há mais de 50 hooligans detidos. Do outro lado, há quatro torcedores argentinos presos por agredir cambistas e croatas. Mas esta não é a primeira vez que as duas facções violentas se vêem frente a frente. No México em 1986, após a vitória por 2 a 1, integrantes da organizada "La Doce" (a doze), da equipe Boca Juniors, se enfrentaram com similares ingleses. O troféu da disputa, além dos hematomas, foi uma bandeira inglesa, ostentada nas arquibancadas do estádio portenho de La Bombonera até pouco tempo. Isso só parou quando o líder da torcida, José Barrita, apelidado de "El Abuelo", foi preso por associação ilícita e extorsão de dirigentes, e mais sete integrantes foram condenados pela morte em 1994 de dois torcedores do River Plate, a equipe arquirrival. A Argentina iniciou neste ano uma campanha contra os torcedores violentos. Na Inglaterra, isso acontece desde o início da década. Apesar da distância dos países, hooligans (em português, indivíduo rude e arruaceiro) e barrabravas (grupos bravos) têm uma origem em comum: os anos 80. Os argentinos estão muito ligados a dirigentes políticos, sindicais e esportivos. Em troca de dinheiro, eles engrossam passeatas, pressionam jogadores. Já os hooligans ingleses são apolíticos. O fenômeno teve origem no movimento punk dos anos 70, recebeu o reforço dos veteranos da Guerra das Malvinas e dos desempregado na década passada. Hoje, boa parte deles têm emprego fixo. Texto Anterior: Revanche é palavra inevitável para seleção inglesa Próximo Texto: Livro aponta as causas do vandalismo dos ingleses Índice |
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