São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998
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Laço familiar une distribuidoras suspeitas

RANIER BRAGON
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA

A Dinâmica Distribuidora de Medicamentos, responsável pela venda de remédio falsificado que acelerou a morte de uma pessoa, é da mesma família do dono da Ação Distribuidora de Medicamentos, empresa envolvida na maioria das denúncias de remédios falsificados.
Registrada em nome de Maria Hely Rosa de Castro e Tereza Cristina Machado de Castro -respectivamente mulher e irmã de José Celso Machado de Castro, dono da Ação- , a Dinâmica funcionou clandestinamente, sem alvará da Vigilância Sanitária de Minas, durante dois anos e três meses.
A Dinâmica vendeu os 15 frascos do medicamento Androcur (utilizado no tratamento do câncer de próstata) ao ex-prefeito de Timóteo (266 km de Belo Horizonte), Antônio Dias Martins, 62, morto em decorrência de complicações do câncer de próstata, em junho.
O medicamento vendido pertencia ao lote 351, apontado como falsificado pelo laboratório Schering do Brasil (não confundir com Schering-Plough), que fabrica o produto.
A Ação também vendeu o Androcur falsificado do lote 351 para hospitais públicos e privados.
Suspeita-se que pelo menos outras quatro pessoas já tenham morrido no país em decorrência de tratamento com o remédio inócuo. A Ação afirma que comprou os medicamentos falsificados de duas distribuidoras de São Paulo.
Além do Androcur e do Triaxin, a Ação também é acusada de vender, à Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul, um lote de remédios contra Aids desviado dos estoques do Ministério da Saúde.
A Dinâmica só conseguiu alvará de funcionamento na Vigilância Sanitária de Minas Gerais há 27 dias e, dois dias depois, obteve também o alvará no Conselho Regional de Farmácias. Ela é registrada na Junta Comercial desde 12 de março de 96.
A regularização da Dinâmica ocorreu após denúncia feita no final de maio deste ano ao Conselho Regional de Farmácias.
Ela conseguiu registro como "drogaria", o que não lhe dá o direito de atuar também como distribuidora, segundo Vieira.
A Agência Folha tentou ontem entrar em contato com as proprietárias da Dinâmica, mas não obteve resposta até as 19h.
A Dinâmica tem oferecido preços abaixo do mercado para a venda de seus medicamentos. O remédio Lamictal (100 mg), usado no tratamento de epilepsia e fabricado pela Glaxo-Wellcome, é oferecido pela Dinâmica por R$ 79,50. O fabricante sugere às farmácias que o vendam a R$ 113.

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