São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998
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Desempregados vendem água

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTA LUZIA (BA)

Enquanto cerca de 16 mil pessoas sofrem com a falta de água em Santa Luzia, um grupo de moradores encontrou no problema a solução para a sobrevivência.
Pelo menos dez desempregados estão vendendo água de outros municípios, segundo informações dos funcionários da Fundação Agnaldo Ferreira e da prefeitura.
"Cada tonel de 1.200 litros custa R$ 8 e a água só dá para poucos dias", disse a empregada doméstica Maria Edilane Cardoso, 27.
A água comprada fora de Santa Luzia é transportada em tonéis que chegam em caminhões.
"Estou desempregado há dois anos. Por isso, aproveitei a oportunidade para alugar um caminhão e comercializar água limpa", disse José Augusto dos Santos, 39.
Só com a venda de água, Santos fatura R$ 200 por semana, valor que recebe um trabalhador rural da região em três meses.
O secretário da Agricultura de Santa Luzia, Paulo Sertório de Souza, disse que não acredita que a água comercializada pelos ambulantes seja tratada.
"Tem gente que pega água dos córregos contaminados e vende como se fosse água encanada de Camacã (cidade vizinha)", disse.
O secretário afirmou que há ambulantes que chegam a cobrar R$ 20 por cada caminhão com 7.000 litros de água. "O pior é que não há como controlar a venda. Não temos fiscais suficiente", disse.

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