São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998
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PÉ NO FREIO GLOBAL

O cenário econômico global dos últimos meses oscila entre informações que ora mostram uma nova onda de instabilidade financeira em mercados emergentes, principalmente na Ásia, ora colocam os países desenvolvidos na berlinda, às voltas com suas próprias dificuldades e dando sua própria contribuição para uma deterioração progressiva das perspectivas internacionais.
A rigor, trata-se em boa medida das duas faces da mesma moeda, já que é o próprio impacto da crise asiática nas economias e empresas dos EUA, do Japão e da União Européia que, afinal, lhes tira o fôlego.
Segundo o relatório mais recente do instituto britânico "Economist Intelligence Unit" (EIU), do mesmo grupo que edita a revista "The Economist", os efeitos da crise asiática em todo o mundo serão ainda piores do que o próprio instituto havia previsto inicialmente.
O crescimento mundial em 1998 será quase metade do registrado em 1997. Cairá de 4% em 1997 para 2,3%. O horizonte previsto para uma recuperação é de três anos.
Os 2,3%, entretanto, são uma taxa média de crescimento anual. Como toda média, ela esconde alguns poucos países com desempenho melhor (os mais ricos, que pesam relativamente mais na média) e muitos países onde se viverá próximo da catástrofe (e que já são os mais pobres).
Ainda segundo o EIU, o crescimento da América do Norte cairá de 3,8% no ano passado para 1,9% no ano 2000, uma impressionante redução da ordem de 50%. Na União Européia o recuo será menos intenso, de 2,9%, em 1998, para 2,6%, em 2001.
Para o Brasil, uma economia mundial menos vigorosa significa ainda mais dificuldades para exportar. Por maiores que sejam os esforços para ganhar competitividade e estimular as exportações brasileiras, é sobretudo a demanda global que define o mercado exportador do país.
Nesse cenário, num prazo de três anos o Brasil também não poderá importar mais, nem crescer demais.

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