São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Dunga quer ajudar Brasil em 2002

ALEXANDRE GIMENEZ; JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO; MARCELO DAMATO; MÁRIO MAGALHÃES; NOELLY RUSSO; RODRIGO BERTOLOTTO
DOS ENVIADOS A SAINT-DENIS

Capitão da seleção brasileira pretende encerrar a carreira no final do ano e diz que, com sua experiência, pode auxiliar país na próxima Copa

Muito abatido com a perda do título para a França, o capitão Dunga confirmou ontem que está abandonando a seleção brasileira, pelo menos enquanto for jogador de futebol.
"A seleção proporcionou momentos de muita importância e alegria na minha vida, mas, se um dia eu puder contribuir para ela de alguma forma, não será mais como jogador. É uma coisa para ser estudada", afirmou ontem o atleta para um jornalista espanhol.
"Quem sabe até mesmo na Copa de 2002. Conheço bem o Japão, tenho experiência de três Mundiais, um título e um vice. Talvez, possa ajudar de alguma forma, não sei..."
O volante, que completa 35 anos em outubro, pretende voltar ao clube japonês Jubilo Iwata, com o qual tem contrato até dezembro, e, em seguida, encerrar a carreira.
Apesar de ter propostas de Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol, para defender algum clube de São Paulo, e de Eurico Miranda, dirigente do Vasco, Dunga pensa em parar de jogar em dezembro, quando ainda estiver no auge.
Depois, deve tentar a sorte como treinador, começando, de preferência, pelo comando de algum clube brasileiro.
Mas, por enquanto, Dunga prefere evitar o assunto. "Isto é uma coisa para depois. Tenho contrato até dezembro no Japão e até lá pretendo continuar batendo minha bolinha. Depois a gente vê", comentou.
Sobre o fato de ele e Taffarel terem completado 18 jogos em Copas do Mundo defendendo a seleção, batendo, portanto, o recorde que pertencia ao ex-jogador Jairzinho, com 16 partidas, Dunga diz que a marca fora "o de menos".
"É importante por termos atuado em três Copas diferentes, com três treinadores diferentes (Sebastião Lazaroni, Carlos Alberto Parreira e Mario Jorge Lobo Zagallo), mas o mais importante seria ter levantado a taça", disse.
Taffarel concorda com Dunga, mas, para que os brasileiros tivessem erguido o troféu, o goleiro acha que faltou determinação.
"O time foi apático no primeiro tempo. Mesmo perdendo por 2 a 0, a gente poderia ter empatado se tivesse jogado como nas outras partidas. Se o Brasil fosse o Brasil, não teríamos perdido."
Dunga, que durante toda a semana afirmara que para vencer era preciso ter coração, não acha que foi garra o que faltou ao Brasil. "Futebol tem dessas coisas. A França foi melhor e mereceu a vitória", afirmou.
O jogador, no entanto, fez questão de lamentar a tristeza que a derrota provocou na torcida brasileira. "O que mais dói é isso, saber que o Brasil, de ponta à ponta, torceu e agora está chorando. Meus filhos também estão nesse espírito, adoram o Brasil e estão sofrendo bastante, não só pelo pai, mas pela seleção como um todo."
Em compensação, Dunga garante que irá lhes oferecer um consolo: sua volta ao Brasil. "Faz tempo que estou prometendo que vamos voltar ao Rio Grande do Sul. Temos família lá e amigos. Terminado meu contrato no Japão, será a hora de começar vida nova."
(AGz, JCA, MD, MM, NR e RB)

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