São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Pagode é versão anos 90 do samba

DJALMA CAMPOS
COLUNISTA DO "NOTÍCIAS POPULARES"

O pagode fez o samba renascer. Depois de anos na posição de "patinho feio" da música, o pagode ocupa hoje sete posições entre as dez músicas mais executadas nas rádios.
Mas o que exatamente é esse ritmo que, com letras irreverentes e cheias de romantismo, dominou o cenário musical?
Filho -muitas vezes não aceito- do samba, o pagode é a versão anos 90 do samba ou o "novo samba". Da palavra pagode -reuniões animadas por rodas de samba-, herdou a descontração e a base rítmica.
Na "árvore genealógica", o carioca Fundo de Quintal, formado em 1981, é a referência de todos os bons grupos.
Antes do "surgimento" do pagode, entre 85 e 87, houve o primeiro boom, que destacou Almir Guineto, Zeca Pagodinho e Jovelina Pérola Negra.
No início dos anos 90, o Raça Negra abriu brecha para o surgimento da nova geração. A banda foi a primeira a vender milhões de CDs e lotar grandes casas de show.
O RN ainda somou aos elementos tradicionais do samba (tantã, pandeiro, repique de mão, cavaquinho) uma base de teclados e letras adocicadas. Assim surgiu a distinção entre samba e pagode, que, na prática, não existe. E na esteira surgiram os grupos de pagode. Foi o boom definitivo.
Entre os principais nomes da nova geração, destaques para Sensação, Katinguelê, Negritude Júnior, Art Popular, Exaltasamba, Molejo e Só Pra Contrariar.
O pagode desses grupos que invadiram a mídia parece um caldeirão de ritmos repetidos, mas cada um criou um estilo.
Entre os inovadores, surgiram o Negritude, de Carapicuíba (SP), que incorporou o som dos Jacksons Five e do Earth Wind and Fire; Katinguelê e Exaltasamba, com a dosagem exata de romantismo.
O Art Popular, da zona norte paulistana, mesclou rap, baladas e raggamuffin. No Rio, a malícia carioca resultou no som irreverente do Molejo.
O Só Pra Contrariar, de Uberlândia (MG), misturou o romantismo com toques do regional mineiro.
Emergentes na escala social, os músicos do pagode são consumistas como qualquer patricinha de shopping center. Todo pagodeiro que se preze pode não ter casa própria, mas possui celular, carro importado e roupas de grife.

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